Há três ou quatro dias que não oiço outra coisa
Há três ou quatro dias que não oiço outra coisa. Já li criticas absurdas sobre o Rodrigo Leão “refém” do estilo que criou – como se isso não fosse o melhor que um compositor pode ter e ser, ele próprio no universo musical que desenhou para si... – e já percebi que deve ter chegado a hora de esvaziar a aura. Pode ser um fenómeno Madredeus-II. Dá-me igual. Há um lado eternamente patético na critica, em geral, que sempre me deixou suspenso numa pergunta – “e...?” -, que geralmente resulta da velha ideia do “já não é como era..”. Oh meu deus, tirem-me deste filme, porque eu colecciono elogios a um passado perdido, também tive a minha dose...
Há três ou quatro dias que mato saudades da musica de Rodrigo Leão com a música nova de Rodrigo Leão. Melhor seria impossível. Que prazer voltar a sentir a minha casa, o carro, naquela bolha de alma e espírito, de claridade, música com cheiro, com sabor, uma espécie de lareira sempre acesa, que hipnotiza, que nos leva, que nos faz ir e nos deixa ir.
É assim a “Montanha Mágica” do Rodrigo. Há três ou quatro dias que não oiço outra coisa. E que saudades eu tinha – e por haver discos anteriores, julgava não ter. Ai não, que não tinha...