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Pedro Rolo Duarte

30
Jun12

Lapidar

“O que as cenas de Castro Daire e de Guimarães demonstram, para lá de qualquer dúvida, é que o Presidente deixou de ser visto como um árbitro da cena política portuguesa e passou a ser visto como um cúmplice. Quer queira, quer não, Cavaco perdeu a autoridade, tradicionalmente associada a Belém”.

Vasco Pulido Valente, no Público de ontem.

 

Passaram Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio. Com maior ou menor talento, a imagem de Belém manteve-se e a expressão “Presidente de todos os portugueses” ganhou “letra de lei”. Tinha de ser o (aparentemente) mais rigoroso de todos, Cavaco Silva, a deixar a nódoa na bandeira. É a ironia do destino no seu esplendor.

25
Jun12

Um dia bem passado...

 

... Mas uma sensação estranha: os vimaranenses acham-se mais portugueses do que todos nós, portugueses de outro qualquer lado.

A brincadeira do "Portugal é Guimarães, o resto são conquistas" não é apenas humor e boa disposição - é por eles levada a peito. Fazem questão de nos fazer sentir.

Apaixonei-me pela cidade - mas mantenho prudente distância em relação à alma e ao corpo.

E fiquei a pensar sobre a nacionalidade e isto de ser português. Especialmente nos dia de hoje, quando vivemos a mais profunda dependência dos outros - dos "bons" e dos "maus"... - e somos cada vez mais uma pequena peça de um intricado puzzle que mistura politica e economia, capitalismo e mercados, autonomia e castelos de cartas...

Ir a Guimarães foi trabalho, mas talvez tenha sido também uma sessão de esclarecimento sobre Portugal. Não tenho a certeza de ter sido a mais optimista das sessões...

23
Jun12

Sábado, 10:00

 

Aqui, no Café Milenário, em pleno Largo do Toural, sala de visitas da cidade de Guimarães, junto à muralha onde se lê "Aqui Nasceu Portugal", eu e o João Gobern estamos hoje, sábado, entre as 10:00 e as 12:00, em directo, ao vivo e “a cores” com mais um especial do Hotel Babilónia. Desta vez, a Capital Europeia da Cultura estará no centro da conversa. O resto, é o que já sabe quem nos ouve semanalmente na Antena 1...

É bem vindo quem vier por bem, seja pelo rádio, seja lá, ao vivo, no café que se chama Milenário justamente porque nasceu no ano em que a cidade de Guimarães comemorou 1000 anos de existência...

22
Jun12

Só ficava o “na”

(Com o maior orgulho do mundo, aceitei o convite da Sónia e escrevi o prefácio para o livro que “nasceu” do seu blog, Cocó na Fralda. É mais do que um prefácio – é uma maneira de lhe agradecer o privilégio de ela ter aceite, um dia, trabalhar comigo, e depois ser minha amiga, e no fim ainda ser afilhada. Tudo o que a Sónia conquistou foi exclusivamente pelo seu talento, a garra e a vontade de ser todos os dia um bocado mais do que no dia anterior. Eu só assisti, acarinhei, apoiei. Por razões profissionais, não vou poder estar mais logo no lançamento do livro. Mas estou com a Sónia sempre, e para sempre – e com autorização dela, deixo aqui o Prefácio que lhe escrevi lá no livro)

 

Terei de começar por contar uma história pessoal: o meu irmão mais velho chamava-se António Manuel porque a madrinha que a minha mãe escolheu determinou que ele se chamaria António Manuel. Parece que havia a tradição de serem as madrinhas a escolher os nomes dos afilhados. Uns anos mais tarde nasceu a minha irmã e a madrinha disse que ela teria de se chamar Maria de Fátima. Assim foi. Só quando eu nasci a minha mãe se irritou: “nem madrinha nem meia madrinha, quem põe o nome a este sou eu!”. E felizmente sou Pedro.

Ora, é verdade que formalmente eu sou apenas padrinho de casamento da Sónia Morais Santos – mas, num caso típico de mimetismo mafioso, sinto-me mais do que isso. Sinto que sou padrinho profissional da Sónia. Não no sentido menos nobre dessa condição, mas na qualidade de irmão mais velho que jamais fui, chefe que fui mas raramente exerci, amigo que sou mesmo quando não estou. E se a tradição determina que o padrinho escolhe o nome dos filhos, eu gostava de ter escolhido o nome do blog da Sónia. Era aqui que eu queria chegar: nunca gostei do nome Cocó na Fralda. Ainda hoje não gosto, apesar de me ter habituado. Nem sequer sei se Cocó leva acento, e se leva é no primeiro “o” ou no segundo, não, não, tirem-me deste filme. Detesto dizer o nome do blog. E chamo a este livro, de forma absolutamente premeditada, “o livro da Sónia”.

Bom, talvez por ser padrinho profissional da Sónia – com um orgulho tão desmedido que estou no segundo parágrafo e já lá vão duas referências... -, tive a tentação de pensar que raio de nome daria ao blog, se ela tivesse respeitado a tradição e me tivesse pedido uma sugestão antes de ousar criar o seu quartinho (melhor dito, uma suite luxuosa visitada todos os dias por qualquer coisa como 15 vezes mais pessoas do que as que visitam o meu blog, 3 vezes as que passam no blog de Pacheco Pereira, e apenas a cinco mil visitantes de ultrapassar o numero de compradores actuais do jornal onde a Sónia deixou de ser uma miúda de camisolas com ursinhos bordados e golas em redondo para passar a ser a potencial autora de livros como este).

Onde é que eu ía?

Ía no nome. Então fiquei a pensar no blog da Sónia e no nome que devia ter em vez deste Cocó na Fralda. Quis matar o “Cocó” e evitar o “Fralda”. Mas não desgostei do “na”.

E não tive duvidas. O blog da Sónia, com “na”, porém sem “Cocó” e “Fralda”, era a mais pura verdade que vão encontrar nas páginas que se seguem: “Coração na Boca”.

A Sónia é isto. Um coração sempre na boca. Uma jornalista sempre humana. Uma mulher sempre empenhada. Tive uma sorte do caraças: pus um anúncio num jornal a pedir jornalistas novatos para diversos projectos editoriais e, entre centenas de candidatos, estava a Sónia. Começou assim, num dia primeiro de Abril, e no entanto era verdade. Depois, veio o DNA (suplemento do Diário de Notícias) e foi o que se sabe: caos, prazer e trabalho, durante quase dez anos, os suficientes para a miúda das camisolas com ursinhos ganhar, por direito e mérito próprios, o estatuto de extraordinária jornalista e começar e vestir-se como deve ser. E não me julguem leviano: escrevi outros adjectivos – dedicada, óptima, excelente... – antes deste. Mas é este o correcto: extraordinária. Fora da ordem normal, da ordem habitual, da ordem a que nos habituamos quando chefiamos equipas de jornalistas. Na sensibilidade, na forma como maneja as palavras, na capacidade de usar a informalidade da linguagem em prol do sentido dos sentimentos. A escrita da Sónia – talvez ela ainda não se tenha dado conta, mas ela na verdade é uma escritora – serve o jornalismo inteligente como uma luva. Mas claro que serviria ainda melhor um blog, plataforma onde a liberdade não tem fim e vale tudo, sem livros de estilo nem códigos de conduta.

O blog da Sónia – que se chama “Coração na Boca” apesar de se chamar “Cocó Na Fralda” – é a jornalista Sónia Morais Santos. No entanto, sem filtro. E com a desmedida paixão pelos seus filhos, forma simples de dizer o amor profundo ao marido Ricardo e ao que desse amor só podia resultar. Uma família feliz. Talvez ficasse bem agora uma pequena referência aos filhos e à relação entre o blog, o livro e a maternidade. Talvez ficasse. Mas isso é para quem vai ler e já sabe que vai ler.

O que me interessa mesmo é dizer a quem não vai ler o que afinal vai perder. Vai perder a voz inteligente, divertida, comum, mas nunca banal, da minha afilhada Sónia, que é escritora, na prática jornalista, mas tem a humildade dos que nunca se deixaram deslumbrar pelo sucesso. Deve ser também por isso que, passados todos estes anos, eu olho para a Sónia e não consigo deixar de ver nos seus olhos o coração de quem, no começo da sua própria aventura, não sonhava ter tanto talento.

Claro que devia ter chamado Coração na Boca ao blog que se chamou Cocó na Fralda. Mas errar é humano – e se falamos da Sónia, ponham lá humano nisso.

21
Jun12

Sábado, às 10:00, encontramo-nos aqui:

 

Vai ser aqui, no Café Milenário, em pleno Largo do Toural, sala de visitas da cidade de Guimarães, junto à muralha onde se lê "Aqui Nasceu Portugal", que eu e o João Gobern estaremos sábado, entre as 10:00 e as 12:00, realizando em directo, ao vivo e “a cores” mais um especial do Hotel Babilónia. Desta vez, a Capital Europeia da Cultura estará no centro da conversa. O resto, é o que já sabe quem nos ouve semanalmente na Antena 1...

É bem vindo quem vier por bem, seja pelo rádio, seja lá, ao vivo, no café que se chama Milenário justamente porque nasceu no ano em que a cidade de Guimarães comemorou 1000 anos de existência...

20
Jun12

Aproximações à Irlanda

A piada mais banal na Ilha é a pergunta que um irlandês faz a outro:

- Olha lá, este ano o Verão calha em que dia?

 

Não querendo entrar na discussão profunda que inspira os portugueses diariamente – “eles deram” chuva, “eles deram” sol -, noto que a memória me tem enviado quase todos os dias a seca (leia-se “sêca”...) piada irlandesa.

E não sei responder em que dia é que será Verão, em Portugal, este ano. “Eles dão” calor a partir do fim-de-semana. Não ligo.

19
Jun12

Quatro coisinhas sobre o Euro, no estado em que estamos, com Ronaldo

Um. A ironia dos apuramentos, ao lado da Alemanha, dos clubes do sul da Europa – Grécia, Espanha, Portugal, Itália – dá dois tipos de interpretação. Ou consideramos que isto é uma lição para o “resto” da Europa que nos encosta à parede e nos submete à austeridade, e lhe gritamos “Então? Existimos ou não?”...

... Ou permite-lhes a “eles” fazer o pleno da razão: aquela gente não sabe o que é trabalhar, passa a vida a jogar à bola, não admira que até ganhe campenonatos...

 

Dois. O número de programas e de comentadores que os canais de televisão – especialmente no cabo – puseram no ar nas últimas semanas, deu razão à velha ideia: em cada português, um potencial seleccionador nacional. Mas, para mim, a eleger um paradigma desta nossa especialidade espontânea que é a de comentar, comentar, comentar, não teria duvidas: escolho a mudança de nome de Oceano. Foi jogador de futebol sempre com o mesmo nome: Oceano. Renasceu como comentador do Euro 2012, e ganhou um blazer e um apelido: Cruz, Oceano Cruz. O futebol é mesmo assim, e o que conta, oiço dizer, não são os golos, mas as finalizações. Um apelido faz toda a diferença.

 

Três. Tenho a humildade de reconhecer que sei pouco de futebol, e que resumo o meu entusiasmo ao Benfica e à Selecção, nos momentos cruciais, ou quando o meu filho me convoca para o tema. Ainda assim, como todos os 10 milhões de portugueses, tenho aquele estranho tique da opinião. E neste caso, como no passado, o tique deu-me sempre para o mesmo lado. Que é este: sendo certo que é indesculpável que o melhor jogador de futebol do Mundo, com tudo o que isso implica, tenha “dias”, e haja “momentos”, e “jogadas infelizes”, não é menos certo que Cristiano Ronaldo tem provado, com metódica regularidade, que merece os seus créditos e que as qualidades compensam largamente algum egoísmo ou complexo de miúdo tardiamente mimado. Crucificá-lo num jogo que lhe correu mal é mais ou menos o mesmo que pedir ao Plácido Domingo que nunca desafine. Não é possível – e mesmo que fosse possível, não seria normal.

 

Quatro. A circunstância do Euro-2012 ocorrer no olho do furacão da crise europeia tem dado um colorido diferente à imprensa do continente, em geral, por envolver países falidos em vitórias, ou países líderes em derrotas. A Alemanha sempre de fora, claro. Mas a nossa imprensa tem aproveitado melhor esta combinação - seja pelo ironia, pelo sarcasmo, ou vá lá: pelos factos! Por mim, dou graças aos nossos jornais. Têm conseguido “triangular” os factos políticos, económicos e desportivos com o espírito que em geral nos safa da mais profunda depressão. Gosto disso.

12
Jun12

Lar doce lar

A última vez que saí, em Lisboa, à noite, na véspera de Santo António, foi há dois ou três anos, e fiquei vacinado para o resto da vida. Decidi ir dar um abraço aos meus amigos do Xafarix, que fazem coincidir o aniversário da casa com os Santos Populares, e organizam um arraial muito simpático no jardim fronteiro ao bar.

Lá fui. E o que vos posso dizer é que cheguei a casa de dia, eram quase sete da manhã. Perguntam vocês: mega-festa? Diversão toda a noite? Isso é que foi…

Não, não foi. Sai da festa do Xafarix às 2:30 da manhã, e demorei quatro horas e meia até conseguir apanhar um táxi para casa, num percurso que começou em Santos, passou pelo Cais do Sodré, sempre a pé, e terminou no Rossio porque já não havia mais pernas para andar.

O mistério dos táxis foi-me depois explicado pela imprensa (e já hoje confirmado): nestas noites de folia, ao contrário do que sucede em eventos tipo Rock in Rio, nem o Metro nem a Carris abrem excepções às suas carreiras regulares, por razões misteriosas que nem vou apurar. Só resta aos noctívagos o táxi ou “à pata”. Os táxis não chegam para as encomendas e este vosso amigo pernoitou algures pelo Rossio, acabando por conseguir um táxi perto das sete horas, dado que já havia transportes públicos e a multidão começou a dispersar.

Lição aprendida: não mais sairás à rua na véspera de Santo António.

Sardinhas? Um destes dias, vindas de águas bem frias, como manda a lei.

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Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira

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