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Pedro Rolo Duarte

31
Ago12

Intervalinho para a publicidade...

Amanhã, sábado, o Hotel Babilónia recebe a Maria Ana Bobone, cujo disco “Fado & Piano” é uma preciosidade. Ela própria é muito divertida.

 

 

 

 

Desde ontem nas bancas, mais uma “Playboy” com raparigas despidas, que ninguém quer ver – e, lá está, pelo contrário, uma entrevista com Rui Reininho que toda a gente quer ler. Às tantas diz-me ele: “Eu sou como o da anedota: vão dois comerciantes para o deserto, os gajos vendem sapatos na Mauritânia, OK? Quando lá chegam e começam a ver a fauna de potenciais compradores, diz um para o outro: ‘nada feito, o pessoal anda todo descalço, não vou vender um único par de sapatos’... E o outro gajo, de olhos arregalados, responde: ‘que grande spot para vender sapatos, anda tudo descalço”... Sou um bocadinho o segundo”.

29
Ago12

Pedido de Desculpa

Este é, em primeiro lugar, um pedido de desculpas ao historiador Rui Ramos e à equipa que, com ele, coordenou e escreveu a História de Portugal que a editora Esfera dos Livros publicou, há algum tempo, e o jornal Expresso decidiu oferecer, em fascículos, ao longo deste Verão. Mas é também, e especialmente, um pedido de desculpas aos leitores deste blog.

No passado dia 17 de Agosto postei o texto que aqui se pode ler. Ao contrário do que noutro blog escreveu o jornalista José Manuel Fernandes, não estava a brincar com a obra – estava a coleccionar os fascículos da História de Portugal (HdP) de Rui Ramos com o objectivo de a enviar ao meu filho, que está a estudar longe daqui -, e o meu post resultou exclusivamente da leitura de crónicas que o historiador Manuel Loff publicou no diário Público. Tomei então como certas algumas considerações que prefiguravam uma grosseira reescrita do nosso Século XX: a acreditar na conjugação entre citações do livro e opiniões de Manuel Loff, a HdP de Rui Ramos classificava a ditadura de Salazar como uma suave monarquia constitucional, ignorava a PIDE, as prisões politicas, a tortura, as mortes no Tarrafal, e dava como certa a existência de eleições livres. Não falando da Guerra Colonial e dos partidos políticos e sindicatos clandestinos.

Como venho agora a comprovar, depois de ler os capítulos que são dedicados a este período da nossa História, precipitei-me e errei. Como blogger, fui a chamada “Maria vai com as outras” – e como jornalista (ainda que aqui, no blog, eu seja apenas o cidadão Pedro Rolo Duarte, não deixo de ser sempre um jornalista...) ignorei olimpicamente as mais básicas regras da minha profissão, confiando na construção (que venho a verificar ser esfarrapada e lamentável) do colunista do Público..

Na verdade, Manuel Loff manipula, extrapola, inventa e deturpa, de forma rasteira e sem pingo de vergonha, o que Rui Ramos escreve. O Estado Novo é descrito ao longo do livro com rigor, ainda que sem militância, como aliás deveria sempre ser. Não se diaboliza a ditadura – como não deixa de se lembrar os males que nos trouxe, chegando a ser comparada com o regime de Mussolini em Itália. O que Rui Ramos fez de diferente em relação a outros tratados sobre a História portuguesa do século passado foi justamente não alinhar nos lugares-comuns da esquerda ou da direita, e deixar antes uma perspectiva enquadrada, distanciada e factual do regime anterior à revolução de 1974, acrescentando ainda um olhar também desapaixonado sobre os anos de 74 a 76, PREC e descolonização incluídos.

Tudo o que Manuel Loff escreveu e criticou no Público pode ser contraditado, desmentido, desmontado, linha a linha, nas páginas da HdP. Talvez valha a pena ler a resposta do próprio Rui Ramos, aqui, para que se perceba até onde foram enganados e manipulados aqueles que leram ingenuamente, como eu, a crónica de Manuel Loff.

Confesso que, a meu favor, só tenho dois argumentos: a assertividade e convicção da prosa de Loff convencem facilmente o leitor mais incauto; e o facto de ter sido editada num jornal de referência, com a qualidade do Público, oferece à partida garantias que não julgava poderem estar em causa.

Nenhum destes factos, porém, muda o essencial: ao embarcar, sem os cuidados necessários, na falácia de Manuel Loff, acabei enganando-me a mim próprio e enganando os leitores deste blog. Fui alvo de duras críticas em diversas plataformas – e, descontando os exageros que assinalei em diversos posts, não deixei de abrir portas a um pedido de desculpa.

Ele aqui está. Com humildade mas, paradoxalmente, com orgulho. Só não parte um prato quem não mexe na loiça.

 

(E uma certeza: mal o Expresso acabe de oferecer os fascículos que compõem o livro, ele segue para a morada do António Maria lá do outro lado do Mundo. Tranquila e livremente, lerá quando lhe der vontade de “passear” um pouco pelo seu país e pela História que nos trouxe até aqui, e a ele... até lá!)

28
Ago12

Depois do barro atirado à parede

Ora bem: agora que sabemos, em comunicado formal, que a Administração da RTP tem um “mandato de gestão para desenvolver o Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira, aprovado pela tutela no final de 2011”, e que esta mesma Administração “manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente” ao cenário de concessão da RTP e fecho da RTP-2, já podemos olhar as palavras do “consultor” António Borges, e por essa via de (pelo menos) parte do Governo, que sugeriu a “solução final” para o Serviço Publico de Rádio e Televisão.

E olhando tudo o que foi dito e escrito, parece óbvio: Relvas mandou atirar barro à parede. O barro foi atirado. Não colou. Volta tudo ao começo. E assim se adia o processo RTP mais uns meses, ou mesmo uns anos. Nada como anunciar grandes mudanças para que tudo fique na mesma.

Por mim, mantenho: Portugal não se pode dar ao luxo de não ter um Serviço Público de Rádio e Televisão sólido, bem pensado, melhor gerido, e profissionalmente executado -  justamente por esta ordem. É melhor assumi-lo no Orçamento de Estado do que escondê-lo em concessões, contratos, negócios e “parcerias” – já sabemos o que estes subterfúgios dão.

Mas é ainda melhor um Governo saber efectivamente o que quer do que andar a viajar na maionese do disparate.  

26
Ago12

Ainda Prado Coelho

Um dia conto a minha polémica com Prado Coelho entre as páginas do Público e da Visão, e como ela se resolveu entre o DNA e o lançamento de um livro de Augusto Brázio em que ambos fomos... apresentadores da obra!

Agora é mais esta frase que encontro aqui:


"Tornamo-nos amigos de pessoas que não conhecemos, porque um dia descobrimos um livro delas."


Só quem sabe amar os livros e as palavras sabe quão verdadeira é esta frase.




 

25
Ago12

Cinco anos

E persiste a saudade de ler o que ele pensa e escreve. Mesmo que os tempos verbais adequados fossem "pensava" e "escrevia".

Assim:

 

"Portugal é um país ciclotímico. (...) Num dia acordamos felizes com a nossa imagem, noutro convencemo-nos de que estamos nas ruas da amargura. É pouca a racionalidade. São múltiplos os círculos de afectos desvairados. No meio deste carrossel, vamos perdendo a capacidade de pensar e de agir, de fazer e de inventar."

Eduardo Prado Coelho.

24
Ago12

Serviço Público

Claro que tenho vontade de comentar as notícias que os jornais avançam sobre o futuro da RTP.

Mas como a ultima vez que comentei algo a partir de matéria publicada em jornais não me correu bem, agora espero por TODAS as confirmações e comunicados oficiais. Gato escaldado...

Até lá, só esta ideia: Portugal não se pode dar ao luxo de não ter um Serviço Público de Rádio e Televisão sólido, bem pensado, melhor gerido, e profissionalmente executado. É melhor assumi-lo no Orçamento de Estado do que escondê-lo em concessões, contratos, negócios e “parcerias” – já sabemos o que estes subterfúgios dão. Dito isto, aguardo a palavra do Governo e logo falamos.

23
Ago12

Lido: “A internet tem um mérito: ela democratizou o gesto de escrever. O demérito é que ela democratizou o gesto de escrever mal”

A edição de Agosto da Playboy brasileira assinala o 37º aniversário da revista naquele país. Agora que colaboro com a Playboy portuguesa, vejo mais as outras edições. Nesta, além do luxo de artigos de Ruy Castro sobre Nelson Rodrigues e um conto policial inédito de Luís Alfredo Garcia-Roza, há entrevista de fundo com o publicitário Washington Olivetto e uma selecção de grandes frases de entrevistados de sempre da revista.

Para uma boa colecção de citações, cá ficam:

De Washington Olivetto:

“Hoje existe muito publicitário famoso. Agora só falta o trabalho famoso. A publicidade está muito parecida com o futebol: tem muito famoso, poucos que fazem gol e muitos que correm para abraçar”.

De Washington Olivetto (II):

“A internet tem um mérito: ela democratizou o gesto de escrever. O demérito é que ela democratizou o gesto de escrever mal. No Twitter, então, é constrangedor. As pessoas não sabem escrever comprido, que é fácil, imagine escrever curto, que é difícil”.

De Millor Fernandes:

“Para mim, o melhor movimento feminino ainda é o dos quadris”.

De José Saramago:

“Há quem fale do prazer da escrita. Confesso que não tenho nenhum. Para mim, escrever é um trabalho”.

De Marisa Monte:

“O melhor público depende do preço do ingresso. Quanto menos ele paga, mais quente ele é. De graça, melhor ainda. Agora, se você paga caro, fica achando que o aplauso já vem incluído no ingresso”.

De Fernando Sabino:

“Escrever é muito simples: basta sentar-se diante da máquina e abrir uma veia ou esperar o sangue porejar na testa”.

E por aí fora.

Também há “mulher pelada”, claro, mas isso é óbvio, banal, e não surpreende.

22
Ago12

José Manuel Fernandes, Rui Ramos, e a História de Portugal (parte 150...)

Passado o impacto inicial, e as reacções que este meu post motivou, mais as sequelas que se podem ler aqui e aqui, devo dizer o seguinte, sem prejuízo de posteriores avaliações…

 

1. É verdade que não devia confiar cegamente nos colunistas de um jornal – neste caso, o Publico -, só porque publicam num diário de referência e isso pressupõe uma série de pergaminhos prévios. Têm razão os que me criticam por isso - embora, como jornalista que sou (por mais que isso irrite José Manuel Fernandes), tenha tendência a confiar na seriedade do trabalho impresso em papel, mesmo assinado pelos que dão apenas opinião. Quando a opinião se sustenta em factos, pede-se que, no mínimo, os factos sejam verdadeiros. Até para que as opiniões possam ser mais livres.

 

2. Mesmo sabendo que num artigo de opinião a tentação de misturar (e nessa mistura adulterar), factos com opiniões, é quase irresistível, persisto na ideia de que os jornais não publicam apenas por publicar, abdicando do seu dever de escrutinar a sustentação dos artigos que editam. Por isso, não deixo de sonhar com o dia em que jornais com a qualidade do Público contemplem nos seus quadros “verificadores de factos”, actividade que os jornais anglo-saxónicos cultivam (ou cultivavam...) com sabedoria. A idade não perdoa: eu já posso dizer que sou do tempo em que só alguns chegavam às páginas de opinião dos jornais de referência. E eram os melhores, de Gaspar Simões a Prado Coelho, de Cunha Rego a Vicente Jorge Silva, de Vasco Pulido Valente a Benard da Costa.

 

3. A ver pela resposta de Rui Ramos no Público de ontem, parece que fui mesmo um dos enganados. Mas desta vez não me precipito no desabafo (estamos sempre a aprender...): depois de ler com os meus próprios olhos, cá virei prestar contas. Vou esperar pelos últimos “fascículos” da História de Portugal para ver se efectivamente errei ao afinar pelo diapasão tão polémico de Manuel Loff. Cá estarei para dar o braço a torcer e pedir desculpa, ou erguer o punho (sem qualquer segunda intenção…) e manter tudo o que escrevi. Uma das coisas boas da idade, e de muitos anos a errar para viver a felicidade de acertar, é mesmo a humildade – a que posso juntar o fim do orgulho cego e da ambição ansiosa.

 

4. De qualquer forma, tenho de confessar a minha desilusão em relação a José Manuel Fernandes. Não o julgava na senda de Cavaco e do "nunca erro e raramento me engano". A forma como abordou o tema foi de tal forma taxativa, presumida e insolente que subitamente me pareceu mais juvenil do que alguma vez julguei. Trata-se de um jornalista cujo passado admiro, com quem estou de acordo em muitas circunstâncias, e que não tinha na conta de “trauliteiro” que põe em causa a identidade profissional de um jornalista com algumas dezenas de anos de trabalho, só porque está em desacordo com ele.

 

5. O meu balanço desta polémica, para já, é estupidamente simples: cada vez escrevo menos sobre o universo politico e social porque, na directa proporcionalidade, me desiludo mais a cada vez que por aí vou. Parece que tudo se resume a uma guerra entre trincheiras claras. Ora, eu sou livre e não estou de lado algum. Opino ou comento ao sabor do que me parece certo, justo, sensato, ou plausível. Não olho a partidos nem vou atrás de uma qualquer esquerda ou direita. Os socialistas acham que sou um “renegado”. Os conservadores chamam-me comunista. Eduardo Cintra Torres disse há anos que eu era um “novel Santanete”. Os meus conhecidos do PSD acham que sou socialista, até porque apoiei António Costa em Lisboa. Fui Guterrista, votei uma vez em Sócrates, dei um voto de confiança a Passos Coelho. Sou independente – por isso, estou sempre a perder. E recusei – com excepção de um gesto de amizade, que durou seis meses, com a Edite Estrela em Sintra, há quase 20 anos... - TODOS os convites que tive para ser assessor, chefe de gabinete, palpitador, escrevinhador, criativo ou apenas autor de livros de pessoas que passaram pelos Governos de Portugal.

 

6. No entretanto, e depois de tanto insulto gratuito, percebo que mais vale escrever sobre a Austrália, os discos e livros de que gosto, ou sobre receitas de Gaspacho – e deixar as ideias e opiniões sobre o mundo que vivemos para o debate entre amigos. Onde tudo é sério, respeitoso, e ainda se aprende qualquer coisa.

 

Pronto. Agora voltarei ao tema depois de ler os tais capítulos da História de Rui Ramos. Já o devia ter feito? Já. Mas eu vivo a recibo verde e a austeridade a isso me obriga: esperarei pacientemente pelos fascículos do Expresso. São oferecidos.

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