Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pedro Rolo Duarte

31
Jul13

Fechar a Janela (II)

(Segunda de duas crónicas que encerram a coluna diária que assinei na Antena 1 de Março de 2006 até hoje)

 

… E foi assim o tempo desta Janela que hoje se fecha. Em 2006, quando começou, era só de blogues que se falava, o Facebook ainda não era aberto a todos, o twitter estava por nascer. Seis anos e meio depois, a rede é tão caótica quanto democrática, tão rica quanto perigosamente à beira do abismo.

Se ontem fiz uma primeira aproximação a um suave balanço destes quase 2000 dias de crónicas, de revisões e olhares sobre o mundo dos blogues e das redes sociais, hoje sublinho cinco nomes que, do meu ponto de vista, marcaram esta rubrica, ou pelo menos a sua filosofia, nestes tempos em que a Antena 1 tão felizmente a albergou.

Não são sequer os meus eleitos - são pessoas que, pelo trabalho desenvolvido na blogoesfera, pela forma como perceberam primeiro o que seria depois, pela originalidade na abordagem, ou apenas pelo caminho entretanto percorrido, orgulham uma galeria de eleitos da rede.

Começo pelo óbvio: Ricardo Araújo Pereira, cujo Gato Fedorento nasceu na blogoesfera, e que me acordou para este fenómeno, pelas piores razões: ao arrasar, num blog, um texto meu publicado num jornal, mostrou pela primeira vez a força de uma plataforma virtual face a uma coluna de papel impresso. Na mesma lógica, Pacheco Pereira – o homem que elevou o debate politico nos blogues a uma esfera pública. Até ao seu Abrupto, o debate fazia-se em rede e na rede, e raramente saltava para os jornais. Pacheco estabeleceu o link, alimentou-o, chegou a ser vitima dele. Mas trouxe os blogues para o debate politico generalista.

E depois há os nascidos na rede: Maradona, o homem da Causa Foi Modificada, o blogger que apaga os posts passados porque acha que eles têm prazo de validade, o escritor cujo humor e originalidade já mereciam outros rumos, o adepto que escreve sobre futebol como tanta falta faz à imprensa desportiva. Tudo num blog, há dez anos assim. Na mesma linha, João Pedro Diniz, o autor do Ardeu a Padaria, fechado em Março passado, mas um exemplo de como se pode juntar erudição, humor, cultura, e gastronomia, ou mesmo, e só, receitas de culinária que dão gosto ler. Original, inovador, à frente no seu tempo.

Por fim, um outro exemplo de quem nasce na rede e se fixa no mundo – Nuno Camarneiro, cujo blog Acordar Um Dia foi o ensaio para voos mais largos e para o Prémio Leya de Literatura deste ano. De um blog para o mundo – estes cinco nomes que escolhi souberam fazer nos seus lugares o que eu, modestamente, tentei fazer aqui todos os dias: levar da rede para todo o lado vento fresco e ar puro. Ou, na verdade, o talento de novos autores, de gente que pensa pela sua cabeça, de gente sem medo das palavras.

Hoje fecha-se de vez a Janela Indiscreta, primeiro e único espaço diário da rádio nacional dedicado ao mundo dos blogues e das redes sociais. Esse mundo continua para lá da Janela, para lá de mim próprio. Foram quase 2000 crónicas, sempre sob o olhar atento e vigilante do produtor António Santos, foram seis anos e meio a ver o mundo passar por esta Janela.

Mas já sabemos como é: tudo o que começa tem um fim. Como se diz das janelas, quando uma se fecha, logo outra se abre. Assim será certamente.

Blog da semana

Gisela João O doce blog da fadista Gisela João. Além do grafismo simples e claro, bem mais do que apenas uma página promocional sobre a artista. Um pouco mais de futuro neste universo.

Uma boa frase

Opinião Público"Aquilo de que a democracia mais precisa são coisas que cada vez mais escasseiam: tempo, espaço, solidão produtiva, estudo, saber, silêncio, esforço, noção da privacidade e coragem." Pacheco Pereira

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mais comentários e ideias

pedro.roloduarte@sapo.pt

Seguir

Arquivo

  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2016
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2015
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2014
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2013
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2012
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2011
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2010
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2009
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2008
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2007
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D