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Não vos vou incomodar com um processo da Segurança Social à empresa da minha mãe, cuja actividade cessou em 2000 e que além de ser inexistente, entretanto prescreveu. Não vos vou falar sobre a própria Segurança Social ter reconhecido que o processo prescreveu mas, ainda assim, e apesar da reclamação atempadamente apresentada, ter desencadeado penhoras e congelamento de contas bancárias. Não vos vou dizer o numero de mails que já mandei à Segurança Social, sem qualquer efeito. Andamos nisto desde 23 de Novembro de 2011, ou seja, há quase 2 anos…
Mas gostava de falar sobre este outro tema: enquanto a Segurança Social engonha, não resolve, destrata e desrespeita a minha mãe, a agora chamada Autoridade Tributária e Aduaneira é de uma eficácia extraordinária. Por mail, SMS, cruzando informações dos serviços do IVA com o IRS e o IRC, tudo altamente informatizado e ágil, a máquina fiscal ganhou um grau de sofisticação e rapidez que impressiona qualquer um (e cujo segredo podia, já que o Estado é o mesmo, passar à Segurança Social, para que funcionasse com o mesmo profissionalismo e agilidade).
Mas há um senão. Por sinal, muito irritante. Decorre do facto de, nos dias de hoje, quase todos termos acesso ao mail no telefone, em qualquer momento, e a qualquer hora, já para não falar das SMS e outros serviços de mensagens. Pois bem: a nossa Autoridade Tributária e Aduaneira não tem, nos seus algoritmos informáticos, qualquer respeito pelos tempos e horários dos contribuintes. Nas ultimas semanas, recebi mails (com informações, coimas, impostos para pagar, tudo coisas simpáticas e agradáveis) às seguintes horas e dias: ontem, domingo, às 7:33 da manhã; sábado, às 00:34; sexta-feira, 1 de Novembro, às 21:11; sábado, 28 de Outubro, às 16:00.
Foram exemplos soltos que fui buscar à caixa do correio e me levam a perguntar: porque raio a Autoridade Tributária decide disparar mails de madrugada, e/ou ao fim de semana, a meio da tarde de sábado, ao domingo pela manhã? É mesmo aleatório, ou é o puro sadismo de um qualquer funcionário que decide f**** o tempo livre do esforçado contribuinte?
Está na hora de exigir um código de conduta dos serviços do estado (e já agora, dos serviços bancários, de telecomunicações, etc), que impeça o envio de mails ao fim de semana, de madrugada, aos feriados, em resumo: fora de horas, fora do tempo naturalmente dedicado ao que nos chateia e incomoda. A imagem de estar a beber um copo com amigos, abrir o mail, e ter uma mensagem novas, às tantas da manhã, do IRS, é no mínimo dantesca. Alguém quer pensar nisto?
Agradecido.
No ano que vem faço 50 anos - e por isso tenho a presunção de achar que, no que à minha área profissional diz respeito, já passei por quase tudo.
Redondo engano. Enorme engano. Vivi há minutos um dos mais comoventes e emocionantes momentos da minha vida profissional (e porque não dize-lo, estava “entre amigo”: pessoal): ouvir cantada e pronta uma canção cuja letra escrevi.
Ouvir cantar palavras que escrevemos é como se fosse possível (para um jornalista) ouvir um texto lido num palco. Não é impossível, mas é improvável.
Dado que as palavras foram transformadas em musica, é como ver um trabalho pessoal elevado a uma potência maior, colocado num pedestal, religiosamente tratado. Surpresa e revelação, são as palavras que me ocorrem.
Mais simplesmente: emoção, comoção, e uma alegria indizível. Num dia especialmente duro, foi como se uma voz superior me provocasse: “e se agora eu te desse uma alegria imensa?”.
E deu mesmo.
(Em breve poderei dizer que letra escrevi e para quem. Por agora, é apenas cá em casa).
No sábado passado, a minha amiga, afilhada de casamento, afilhada profissional, e há quase 20 anos miúda da camisola dos ursinhos Sónia, fez 40 anos. Organizou uma mega-festa no Braço de Prata que me lembro de ter começado mas não sei bem como acabou.
(Cheguei bem a casa)
Ontem publicou no Facebook uma série de fotos e uma delas era esta. Quando a vi, deixei por lá o comentário óbvio: “Saudades de estarmos juntos!”. Eu, a Sónia e a Anabela vivemos juntos, entre outras aventuras, a do DNA, que tanto nos uniu e tanto nos convoca. Mas a seguir a Anabela postou outro comentário que me levou a olhar de novo a fotografia. Escreveu ela: “É maravilhoso saber que crescemos juntos, e que nos amparamos e motivamos e afastamos e aproximámos... e que no essencial estivemos sempre juntos. Obrigada, Pedro Rolo Duarte. Obrigada, Sónia Morais Santos. Love U.”
E de repente caí em mim: nesta fotografia, nestes olhares, nesta cumplicidade, estão dez dos mais felizes anos de uma vida (a minha, claro), que tem quase 50. São muitos anos, e é muita vida.
Gosto de olhar para a frente. Mas nunca esqueço o que passou – especialmente, nunca esqueço quem esteve no que passou. E quem está, e eu sei que está, quaisquer que sejam as marés e os navios.
Uau, esta fotografia salvou-me a noite.
Obrigado, Sónia, mais uma vez, por te teres lembrado de fazer 40 anos.
Na biblioteca do Liceu de Camões.
Estava a fazer uma pesquisa na net e fui parar a um blog onde dei, há anos, uma entrevista. Às tantas o blogger pergunta-me sobre música, sobre a minha relação com a música. E eu respondi assim:
“A música ocupa nos meus dias um espaço semelhante ao da luz – sem ela não vivo, e gosto do escuro só mesmo quando é para dormir”.
… E gostei da resposta, e fiquei orgulhoso da resposta. E por isso aqui a deixo, com música, claro.
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