Sinais do tempo que passa
Apanhei no sempre excelente “The Observer” desta semana a pré-publicação e um artigo sobre o livro que o fotojornalista Will Steacy publica por estes dias na sequência de um projecto de longo alcance: durante cinco anos, Steacy fotografou, sem qualquer espécie de restrição, a redacção e a gráfica do jornal The Philadelphia Inquirer - 150 anos de vida, um velho colosso do jornalismo norte-americano, com mais de 20 prémios Pulitzer ganhos, que neste curto período de tempo (os últimos cinco anos) foi ferido pela crise do jornais diários em papel, deixou o seu gigantesco edifício-sede, apelidado de “Tower of Truth”, para se instalar num modesto terceiro andar de um edificio banal, e sobrevive com as limitações que fazem do jornalismo dos dias que correm uma espécie de oficina de artesanato de luxo…
O declínio do jornal, que o fotógrafo documentou, constitui o exemplo de um tempo em que o papel diário impresso se perde na vastidão do império virtual da rede. Stacy defende o que todos defendemos: de nada serve o jornalismo se as palavras que o servem não puderem servir a todos. De nada serve um jornal sem pessoas que o leiam.
Parece que a “Tower of Truth” vai ser um casino. o The Philadelphia Inquirer continua em jogo, mas a perder todos os dias.
(A fotografia que roubei ao Observer e “instagramei" junta em sequência o mesmo ponto de vista da redacção da esquerda para a direita, e de cima para baixo, em 2009, 2010, 2012, e… hoje)