AVISO
Este blog, e o seu autor, estão-se rigorosamente nas tintas para o Acordo Ortográfico e a sua obrigatoriedade. Aqui, contunuará tudo como dantes - não em Abrantes, mas em Lisboa. Com factos e Maio com maiúscula. Sem pactos de regime.
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Este blog, e o seu autor, estão-se rigorosamente nas tintas para o Acordo Ortográfico e a sua obrigatoriedade. Aqui, contunuará tudo como dantes - não em Abrantes, mas em Lisboa. Com factos e Maio com maiúscula. Sem pactos de regime.
Deve estar quase a fazer um ano: caminho pelas alamedas do Hospital Curry Cabral e encontro o Óscar Mascarenhas.
A ele me liga uma picardia antiga sobre a carteira profissional - que eu tirei, sob ameaça dele de me mandar prender… -, acompanhada de um sentido de humor ácido que sempre fiz questão de estar à altura na resposta. Claro que nunca estive. O Óscar foi meu vizinho de gabinete envidraçado no DN quase dez anos - tempo suficiente para passarmos da picardia ao respeito, e no meu caso também à admiração pela sua atitude na vida e na profissão.
Voltemos ao Curry Cabral. Encontramo-nos, cumprimentamo-nos, pergunta-me:
- Então, que fazes tu por aqui? Nem estás com ar muito doente…
Eu sorri, e respondi:
- Estou sou a acompanhar uma pessoa amiga. E tu, rotinas?
O Óscar encolheu os ombros e disse:
- Meia-duzia de análises, a ver se vivo mais uns anos…
Há uns dias que este encontro, e este diálogo, não me saem da cabeça.
Quem inventou a expressão “roleta russa” estava claramente equivocado. A roleta pode até ser russa, mas toca a todos. E tristemente, tem tendência a levar mais cedo alguns dos bons.
Uma das poucas vantagens de estar dois dias de cama é acertar contas com a televisão. Fazer muito zapping, saber por onde anda o Goucha e a Fátima Lopes e o Baião, descobrir os canais lá do fundo a que nunca chegamos.
Desta vez decidi dedicar-me à sequência de canais AXN e FOX, conhecidos pelas séries de que toda a gente fala. Retive apenas este dado: o numero de tiros e de mortos por hora, em quase todos eles, daria para produzir umas três edições do Correio da Manhã por dia. Não vou falar sobre o numero de traições conjugais, que anda ela por ela com os tiros…
Ora, eu costumo dizer que a realidade é sempre mais rica do que a ficção. Aqui, e depois deste dia e meio de molho, fico na duvida: é a ficção que imita a realidade, ou é a ficção que a provoca e inspira?
... E a culpa é destes três músicos.
Esta fotografia tem 14 anos. O meu filho, com cinco anos, ouve atentamente as palavras da avó, minha mãe. Na Praia do Carvalhal, onde havia indios Zambujões, comiamos "minhocas" grelhadas no carvão, e à noite jogávamos futebol na relva lá do Monte.
(Talvez faça falta aqui esta explicação:
A minha mãe tem 84 anos, está óptima, queixa-se de tudo (especialmente do que tem razão de queixa; perdeu o marido, amor da vida, cedo demais, e um filho, o que nenhuma mãe ultrapassa. Ainda assim, consegue rir, viver, resistir). Tem saúde, cabeça lúcida, é autónoma, e vive modesta mas comodamente. Talvez por isso, sempre que é Dia da Mãe, ou no seu aniversário, gosto mais de recordar um momento bom, mesmo que eu seja apenas o fotógrafo, ou uma imagem que diga muito do que ela é, do que escrever o texto sentido que apetece - mas que, de alguma forma, entristece a verdade dos factos: os anos passam e eu sinto-os a passarem. Gosto desta fotografia porque tem futuro e esperança dentro dela. E para mim esse é o sentido dos Dias em que assinalamos o que é bom.)
Tudo o que possa pensar sobre o tema resulta deste esclarecedor encontro que a RTP promoveu entre o ex-administrador Abilio Morgado e o ex-sindicalista Ângelo Felgueiras. Quem quiser ter a paciências de os ouvir, mais ou menos a partir do minuto 14 do noticiário, vai perceber o que está em causa e quem tem razão neste processo. O resto, é mais do mesmo.
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