ideias que às vezes convém recuperar
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É cada vez mais raro ver e sentir unanimidade em torno de alguém. Amália e Eusébio eram óbvios.
Maria Barroso talvez fosse menos evidente. Mas é reconfortante verificar que somos capazes de, por momentos, sentirmos todos o mesmo. Sem azedume nem remorso nem qualquer espécie de sentimento menos nobre - apenas com a profunda convicção de termos perdido uma pessoa boa, forte, íntegra e verdadeira. É tão raro quanto bom.
Há mortes que valem vidas. São as únicas que conseguimos suportar.
Cada vez me irritam mais os “achismos”, os “achistas”, os “palpitadeiros” de ocasião. Por isso, evito vir para aqui mandar palpites sobre temas cuja complexidade, por mais informação que tenha, me escapa.
É o caso da Grécia, do referendo de hoje, e da sua permanência no Euro.
Mas não é preciso ser especialista, nem “achista” de ocasião, para perceber que o drama grego é apenas o sinal exterior mais evidente do lugar onde chegámos. O sonho da Europa solidária (com o qual cresci e a que aderi, confiante e crédulo, como no passado também caí na conversa de amanhãs que cantavam…) morreu na praia dos interesses eternamente conflituantes entre os países ricos e pobres. Nenhum deles mudou ou se adaptou à realidade europeia: nem os ricos se tornaram mais solidários, nem os pobres deixaram de dormir à sombra da bananeira dos fundos de coesão. Estamos todos na mesma. Estamos todos, como cantou José Afonso, “nas nossas tamanquinhas”.
Assim, parece-me cada vez mais claro que, com ou sem Grécia na zona euro, alguma coisa vai ter mesmo de mudar. Está a chegar o momento do “vai ou racha”. A Europa em que acreditámos, afinal, nunca existiu - e a que sobrar, depois de todos estes tropeções, será outra. Bem distante dessa ideia solidária e fraterna.
A raça humana não mudou. Aqui, na Grécia, ou na Alemanha.
Começou por ser um programa virado para os “gap years” (aqueles anos de intervalo que a miudagem faz entre liceu e faculdade, ou faculdade e mercado de trabalho), mas rapidamente ganhou dimensão - e hoje é um programa onde se exploram, convocam e conhecem aqueles que sairam fora da caixa, mudaram de vida, ousaram viver diferente, fizeram-se à vida, eu sei lá: cada história é um ensinamento, cada conversa uma inspiração.
Podem ouvi-las todas aqui, neste link - e acreditem que semanalmente me renovo e renasço quando entro no estudio (e sinto que a Joana Jorge, produtora e “arte-finalista” da coisa, vive o mesmo - o que ainda me entusiasma mais, porque a Joana tem menos umas dezenas de anos do que eu). A paixão da rádio também é isto. E é amor.
Bom. Se for tão gratificante para os ouvintes como é para mim, o “Mais Novos Que Nunca” é mais do que um programa de rádio: é uma injecção semanal de vitalidade, energia, optimismo e boa onda. Sabe tão bem fazê-lo. Sinto-me vivo.
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