Regresso a casa (três notas soltas)
1. O filme de que a unanimidade da critica pior disse nos últimos anos é, tão só, o filme mais visto de todos os tempos pelos portugueses. O “Pátio das Cantigas”, remake a que chamaria, em rigor, homenagem ao filme original de Ribeirinho, é um achado de Leonel Vieira e da sua equipa. Confesso: eu gostei.
Poderíamos dizer que a operação de marketing justifica os números - mas o passado mostra-nos que assim não é. Os filmes ganham notoriedade e popularidade muito por via do boca-a-boca, mais do que pela publicidade. E este é um desses casos em que o publico está de tal forma desfasado da critica que esta deixa de fazer sentido. Se fosse critico de cinema, teria vergonha. Não é possível dizer tanto mal de um filme que foi tantas vezes visto. Há qualquer coisa que não bate certo. Os espectadores não são todos tão ignorantes.
2. Há um estudo que diz que, em Portugal, metade dos casamentos não são por amor. Podem ser por interesse - mas aqui entre nós, e ao contrário da anedota, interesse não têm de todo.
3. Bastam uns dias de férias fora de Lisboa, fora dos grandes centros urbanos. Rapidamente se percebe como reagiram os portugueses (que podem…) ao brutal aumento de taxas e impostos dos últimos anos: voltaram à economia paralela, à troca directa, ao dinheiro debaixo da mesa, às contas sem recibo nem factura. O ataque ao bolso do contribuinte não compensa, quando o contribuinte vê como estão e onde andam os suspeitos do costume. Ou antes: cá se fazem, cá se pagam.