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Pedro Rolo Duarte

12
Nov15

Nem muro nem vedação

(Crónica publicada hoje aqui, no excelente Sapo24)
Sinceramente, a crise política que vivemos interessa-me pouco. Não porque ela não vá ter peso e influência na vida de todos nós - oh se vai… -, mas porque me irrita ouvir as mesmas palavras em bocas diferentes, os mesmos argumentos em sentidos contrários. A repetição aborrece e cansa-me. Já ouvi deputados do PS dizerem há anos o mesmo que ouvi há bocado da boca de deputados do PSD. E o contrário. Incomoda-me, a sério. E o confronto de terça-feira foi mais do mesmo, com cobranças que foram até aos tempos de Manuel Monteiro no CDS…
Na verdade, não espero muito do CDS, do PSD, do PS - já sei que hoje dizem o contrário de amanhã, que quando chegam ao Governo se “surpreendem” com quadros mais negros do que esperavam, e que este debate sobre quem deve governar ainda vai, daqui a uns anos, servir o PSD para lembrar ao PS que em 2015 também blá-blá-blá…
Agora… No meio da balbúrdia, há coisas sérias. A esquerda, especialmente o PCP, vestiu em Portugal, durante 40 anos, o fato completo da virtude e da coerência (mesmo quando ser coerente era negar as evidências, e basta recordar o bloco de leste, o muro de Berlim, e Cunhal que preferiu não ver o óbvio e persistir em ouvir amanhãs que cantavam). O Bloco de Esquerda foi menos taxativo, mas ainda assim não deixou de surfar a onda da coerência. As esquerdas, em geral, foram donas e senhoras da seriedade, da coerência, da manutenção de um rumo e de um ideia, mesmo que mitificada. Toda a gente reconhecia. A palavra de honra era a sua coutada, e a coerência o seu monopólio.
Esta semana, o mito caiu e o animal mostrou os dentes: o mesmo PCP que queria sair do euro assina sabe-se lá o quê com o PS - mas que não prevê a saída do euro. O mesmo euro sobre o qual Catarina Martins decretava há um ano: “Nem mais um sacrifício pelo euro. Quanto um país tem de escolher entre ser um Estado viável ou o euro, deve escolher ser um Estado viável”. Dou de barato a discussão da TSU, dos impostos, da divida, do orçamento e até da composição do futuro Governo. Fico-me por aqui.
A partir de hoje, para o bem ou para o mal, deixem de dizer que, apesar de tudo, o PCP é coerente. Ou o Bloco. Não. Esqueçam. Arrumaram-se  definitivamente na prateleira do PS, do PSD e do CDS. Começa a ser válida a velha frase popular: “são todos iguais”!
Não sobra nada. Nem uma vedação, quanto mais um muro.

08
Nov15

A bem ou a mal

american.jpg

Rever, como me aconteceu esta noite, mais de 15 anos depois da estreia, “American Beauty”, esse filme absolutamente genial (que nos revelou - pelo menos a mim… -  Kevin Spacey), é voltar ao confronto com a ideia que me foi passada em tempos e vinha de longe, da Galiza: “todos tenemos algo”. Como quem diz: por trás de cada cara, de cada figura, de cada existência, há sempre outros “eus”, que tentaremos ocultar, ignorar, menosprezar. Com os quais recusamos o “encontro”. Mesmo que uma sólida formação nos vá lembrando, aqui e ali, que apesar de tudo há sempre um lado certo e um lado errado. Sou desses.
Mas “American Beauty” vem dizer-nos também que nada é taxativamente verdade, nada é taxativamente mentira. A família não é mais do que uma encenação que a natureza - ou Deus, para quem nele acredita - concebeu, e a à qual tentou dar sentido. E a vida moderna é tão estupidamente ridícula como a vida antiga. A ambição é igual à falta dela: vazia.
Nada tem, na verdade, grande sentido, como o filme demonstra. Ou tem um sentido diferente daquele que gostamos de lhe atribuir. Estar vivo é uma coisa - viver é outra, bem diferente.
No fim, quando esta imagem (acima) aparece, cheguei ao mesmo lugar de há quinze anos: se conseguirmos aceitar que esta passagem por aqui não é mais do que um estágio, onde aprendemos um bocadinho de cada coisa, sem grandes consequência (mas também não impunemente…), talvez a vida faça algum sentido. E possa ser algo mais do que a escassa “Beleza Americana”.
Simples, talvez básico: sempre a aprender. Quando já sabemos o suficiente, vamos embora. A bem ou a mal.

04
Nov15

Central Parque (o segundo, que para nós foi o primeiro...)

cp01.jpg

É um programa novo sobre coisas novas que muitas vezes são antigas. Ou sobre coisas antigas que ganharam novas vidas. Ou sobre coisas mesmo novas. Ou sobre coisas que a Joana Stichini Vilela e eu, com a colaboração preciosa do Nuno Aguiar e da Filipa Gambino, achamos que podem caber no grande alguidar do que é novo ou é tendência.

Na RTP-3, ao fim da tarde de sábado, ou nas  diversas repetições (incluindo na RTP-1), ou mesmo na excelente plataforma RTP-play do site da RTP. Experimentem. Sábado que vem, vamos falar de algo tão novo quanto... o regresso às melhores origens.

É ver e pronto.

 

(PS: a foto foi editada a partir de uma fotografia do Nuno Azinheira. Mas na verdade, se passarem por lá, vão ver que o fundo é todo verde. Modernices...)

 

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