“O casaco” (com dedicatória)
Por causa do "Mais Novos Do que Nunca", emissão da Antena 1 que esta semana festeja o seu primeiro ano, e que é dos mais fascinantes e inspiradores programas de rádio que fiz na vida (e olhem que levo mais de 30 anos disto…), recuperei um poema delicioso do brasileiro Manoel de Barros.
Partilho-o, com uma dedicatória: à Joana Jorge, que comigo se apaixonou por este projecto (que eu sinto que é tanto meu quanto dela…), e que vibra e se emociona sempre que temos uma daquelas histórias que dão nó na garganta. E não têm sido poucas…
Como esta, que na semana que vem contamos, e que me remeteu para o velho Manoel de Barros, que faria 100 anos em 2016…
Fica o poema, como se fosse uma vela para apagar:
O casaco
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado
e sujo.
Tentou sair da angústia
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no lixo.
Ele queria amanhecer.