Nico
Bocadinho da entrevista que deu há tempos à Anabela Mota Ribeiro e que se pode ler no site dela. Como não tenho palavras e ainda estou um bocado incrédulo, fico-me por aqui.
Só com mais esta ideia: o Nicolau é um dos responsáveis por ter perdido o medo de envelhecer. E só eu sei o valor que isso tem.
"- O que é que ainda tem desse que era há 50 anos?
- O entusiasmo. A necessidade de inovar e começar coisas novas. O amor à vida. O sentido da beleza. A vontade de sonhar, que ainda não passou. Se é que tenho qualidades, essa é uma delas. Quando tomo conta de um projecto que me agrade, sou outra vez um miúdo de 20 anos.
- O que é que perdeu, o que é que já não há desse que era há 50 anos?
- Há menos capacidade para acreditar nas pessoas. Desconfio totalmente do ser humano. Há um maior comodismo, um desacreditar na política, há uma preocupação maior. Não quero saber se o PIB subiu ou desceu, quero saber se as pessoas têm condições para viver, se quando estão doentes vão ao hospital e são tratados, se quando têm uma querela com uma entidade os advogados as tratam [como tratam aqueles que têm mais dinheiro do que elas]. A perversidade devia ser esta: um departamento pago pelo Estado, só com grandes advogados, em causas contra o Estado! Sou um anarquista. O Francisco Lucas Pires disse-me que era um anarquista de direita. Por acaso sou mais um homem de centro. Neste momento sou um apátrida político. A lei é uma coisa que me irrita. Sempre que me dizem que sou obrigado a fazer alguma coisa, a minha vontade é fazer logo o contrário. Gobiernos, yo soy contra!”, à mexicana. O Estado são pessoas de má fé, de um modo geral, em todo o mundo. São empresas que tiram o mais que podem e dão o menos que podem. No fundo, resume-se a isto."