Dez anos
Faz hoje dez anos que deixei de fumar.
Para mim, uma vitória. Para quem me rodeia, nalguns casos, uma chatice - felizmente, para a maioria, um alívio (o meu filho leva a taça, claro...). Eram 50 a 60 cigarros por dia...
Não discuto virtudes nem desvirtudes, forças nem fraquezas. Apenas vos digo: gosto de assinalar esta data. E não é por ter deixado de fumar que sou mais feliz. Ou mais infeliz. A felicidade está noutros meridianos...
Quem me aguentou, anos a fio, fumador imparável, só podia gostar mesmo de mim. Disso eu tenho a certeza. O resto está comigo, com o corpo, com a cabeça.
Dez anos depois, exceptuando a dormir, nos sonhos de que me lembro - e onde persisto quase sempre fumador, fenómeno estranho... -, não sinto falta de cigarros, não me apetece fumar em circunstância alguma, e vivo como se nunca tivesse fumado. Até o cheiro me é estranho. É uma vitória - mas acima de tudo, uma enorme paz.
Deixar de fumar é bom na medida em que nos liberta. E essa liberdade nos permite outras liberdades. Só isso. Tudo isso.
(O cartoon foi roubado na New Yorker, e faz parte da colecção do fabuloso Tom Cheney.)