Post sobre culinária politicamente incorrecto em qualquer dia da semana (e ainda mais a um sábado)
Todos os cozinheiros - ou chef’s, como agora se usa - gostam de falar da frescura dos ingredientes para o sucesso das suas receitas. Referem-se sempre ao lado sazonal dos produtos, gostam de cozinhar com o que é local, e respeitam com germânico rigor os tempos: do cultivo à cozedura, nada de pressas…
Pois bem, na minha qualidade de cozinheiro amador e caseiro, sem qualquer preconceito, venho afirmar, em nome do meu palato, que as melhores favas com entrecosto que como são aquelas que faço em casa. Até aqui a coisa é pacífica.
Menos pacífico será o tema se disser que uso Favas congeladas da Iglo, coentros congelados e migados do Pingo Doce, de onde também vem a couvette com entrecosto e um chouriço comum de 2 euros, e cebola já cortada e congelada (qualquer marca…) para o refogado inicial. Ou seja: nada é natural, sazonal ou biológico - mas garanto que o prato sai saboroso, como ainda esta semana comprovei…
A receita é esta (e não deixo quantidades porque depende do número de comensais…):
Faço um refogado ligeiro com azeite, cebola (a tal, congelada e já cortada miúda) e uma folha de louro. Quando começa a cheirar bem, acrescento o entrecosto sem osso cortado em pedaços pequenos, o chouriço em rodelas fininhas, tempero com sal marinho e pimenta preta, uma colher de chá de tomilho. Junto vinho branco e deixo que a carne, em lume médio, ganhe alguma cozedura sem chegar a fritar. Acrescento meio copo de água. Quando a carne parece estar a dois terços de cozida, acrescento as favas congeladas e um pouco mais de água, só para equilibrar a panela. Nesse momento, abro uma caixa de coentros congelados do Pingo Doce, que misturo alegremente até achar que chega. Diria que são pelo menos dois terços de uma caixinha.
Lume no mínimo, rectificar sal, se for caso disso, e deixar cozinhar até provar uma fava e a sentir tenra e saborosa. Está pronto. Acompanho com uma salada verde (alface e rúcula, pelo menos…).
Confesso a minha ignorância: nem sei qual é a altura do ano para a fava estar no ponto. Ou sei: é quando me apetece…