Encurralado
Tenho uma amiga com quem discuto, de vez em quando, a pena de morte. Porque ela a defende, porque eu não consigo defendê-la. É um debate saudável e civilizado, normalmente sustentado em exemplos concretos - tão concretos que é frequente ter dificuldade em alimentar as minhas próprias convicções…
Defender um humanismo de redenção e formação, de “não farás aos outros o que não gostas que te façam” (ou, citando Sartre, “a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”), de admissão da falha humana e do frequente erro judiciário, esbarra mais vezes do que gostava na barbárie extrema de certos actos, na impossibilidade de aceitar ou sequer compreender carnificinas, homicídios gratuitos, genocídios, entre tantos crimes sem perdão possível.
Ontem, ao ler as noticias sobre a violação de uma miúda brasileira de 16 anos, por 30 homens (homens? Menos que animais selvagens…), pensei nas conversas que tenho com a minha amiga.
E senti-me encurralado. É essa a palavra certa: encurralado.