A montanha-russa
Nunca percebi esta lógica, mas também não é agora que me vou dedicar a ela: em muitos países, o domingo é considerado o último dia da semana - mas em Portugal, como no Brasil ou na Grã-Bretanha, é o primeiro dia da semana… Isso explica que hoje seja segunda-feira e não, como se esperaria, “primeira-feira”; mas não explica que o primeiro dia da semana seja, afinal, um dia de descanso…
Adiante.
Queria apenas deixar uma reflexão breve, seguramente abalada pelo calor mortal de Lisboa, sobre a montanha-russa que uma só semana nos pôs a percorrer. Há oito dias, no domingo, vivíamos a euforia de sermos campeões europeus de futebol, e gozávamos de toda a forma e feitio a França e os franceses. Quatro dias depois, estupefactos, assistíamos quase em directo ao terror de Nice e não podíamos fazer mais do que estar ao lado daquele povo que sofre, em pouco tempo, por três vezes, a barbárie da intolerância e do fundamentalismo.
Ainda na ressaca dessa noite de 14 de Julho, da Turquia chegavam imagens de um país a ferro e fogo, centenas de mortos, milhares de presos, e um regime que poucos se atrevem a enfrentar.
Pelo meio, mais vitórias portuguesas no mundo do desporto, mais tragédias, mais notícias absurdas sobre sanções ainda mais absurdas.
Aqui chegados - segunda-feira, primeiro ou segundo dia da semana, como queiram -, olho a semana passada e não consigo ordenar as ideias. Como quem sai de uma montanha-russa, sinto-me mareado, nauseado, e oscilo entre a incapacidade de sorrir e necessidade de resistir e não deixar de sorrir.
Vivemos tempos que julgava impossíveis. Mas, ao mesmo tempo, confirmam o que a vida me tem ensinado: não há impossíveis na vida. Para o melhor e para o pior.