22
Jan08
No Apolo-70
Nostalgia é isto: encontrar no blog Ié-Ié (ver link lá em cima) uma fotografia da fachada do velhíssimo centro comercial “Apolo 70” (que roubo descaradamente...), no Campo Pequeno, e lembrar...
Que foi ali que fui pela primeira vez ao cinema à noite sem os meus pais. Salvo erro, ver um filme de Jacques Tati num ciclo de cinema. Talvez “As Férias do Sr. Hulot ”. Ainda assim, invejava sempre o meu irmão António Manuel, que ía religiosamente ver as sessões da meia-noite de sexta-feira com filmes de terror (que hoje odeio e à época me atraiam...).
Que foi ali que, com o Carlos Matos, meu colega de Liceu, experimentei pela primeira vez um Irish Coffee , num bar minúsculo que havia na cave, ao lado do snack-bar. Tinha talvez 15 anos e lembro-me do ardor na garganta e da sensação de ficar ligeiramente a planar...
Que muitas vezes o meu pai me levou ao snack do Apolo 70, e eu me deliciava com os hambúrgueres e os gelados cheios de chantilly.
Que em Lisboa nunca joguei flippers, a não ser na cave do Apolo-70 .
Que a sequência de lojas livraria-brinquedos-discoteca me enchiam as medidas sempre que por acaso ali passava, e que muitas caixas de soldadinhos da Airfix e tanques de guerra da Solido saíram daquela loja para as batalhas no pátio da casa do Penedo.
Que foi de uma cabine telefónica do Apolo 70 que, aos 23 anos, telefonei à minha namorada e lhe disse: “aceitei o convite: vou fazer um programa diário e em directo na RTP-1 ao final da tarde!”
Que foi ali que fui pela primeira vez ao cinema à noite sem os meus pais. Salvo erro, ver um filme de Jacques Tati num ciclo de cinema. Talvez “As Férias do Sr. Hulot ”. Ainda assim, invejava sempre o meu irmão António Manuel, que ía religiosamente ver as sessões da meia-noite de sexta-feira com filmes de terror (que hoje odeio e à época me atraiam...).
Que foi ali que, com o Carlos Matos, meu colega de Liceu, experimentei pela primeira vez um Irish Coffee , num bar minúsculo que havia na cave, ao lado do snack-bar. Tinha talvez 15 anos e lembro-me do ardor na garganta e da sensação de ficar ligeiramente a planar...
Que muitas vezes o meu pai me levou ao snack do Apolo 70, e eu me deliciava com os hambúrgueres e os gelados cheios de chantilly.
Que em Lisboa nunca joguei flippers, a não ser na cave do Apolo-70 .
Que a sequência de lojas livraria-brinquedos-discoteca me enchiam as medidas sempre que por acaso ali passava, e que muitas caixas de soldadinhos da Airfix e tanques de guerra da Solido saíram daquela loja para as batalhas no pátio da casa do Penedo.
Que foi de uma cabine telefónica do Apolo 70 que, aos 23 anos, telefonei à minha namorada e lhe disse: “aceitei o convite: vou fazer um programa diário e em directo na RTP-1 ao final da tarde!”
Que namorei anos a fio um blusão de cabedal preto da Giannonne que se vendia numa boutique do rés-do-chão, ao lado de uma espécie de farmácia - e que quando finalmente tive dinheiro para o comprar, já não se usava e achei que me ficava francamente mal...
Quando desaparece um lugar do nosso passado - ou da nossa vida, conforme o ponto de vista... -, lamentamos e reclamamos. Mas é justamente por ter desaparecido que se tornam mais ricas as memórias que dele temos quando tropeçamos numa fotografia. Ou num cheiro. Ou num filme de Tati . Ou mesmo no tal blusão.