No momento do balanço…
Este foi certamente o mais estranho mês de Agosto de sempre, desde que me lembro de haver meses de Agosto (o que também não é assim há tanto tempo, lembro-me de tão poucas coisas).
Mas sim, foi um mês estranho.
Houve talvez uma única noite de calor, daquelas em que adormeço ao ar livre e acordo com a alvorada enquanto me coço com o que resta do campo de batalha das melgas.
Não houve dois dias seguidos consequentes – se havia mais calor também tínhamos mais vento, se o mar ficava calmo e suave, logo a chuva vinha estragar tudo. Parecia um mês desapontado com a vida.
Foi o pior mês de sardinhas desde que gosto de sardinhas – ou seja, desde há 20 anos. As melhores que comi, assei-as eu mesmo debaixo de chuva, num instável equilíbrio entre o umbral da casa e as goteiras que me deixaram encharcado.
Foi um mês de marés esquisitas, ventos desencontrados e chuva. Ou sol inclemente sem compensação.
Foi um mês normal porque perdi mais um torneio de Uno – coisa que sucede com metódica regularidade desde que o meu filho sabe o que é Uno. Mas foi anormal porque cheguei a estar a ganhar-lhe 7-1, o que é fora do comum.
Foi um mês de estranhas relações, ou de inesperados encontros e desencontros. Ainda não “estou capaz” de perceber.
E é um mês que termina sem fim. Sem fecho. Os jornais do fim-de-semana são fracotes. O tempo nem sim nem sopas. O mar nem sim nem sopas. O vento, sempre o vento.
Este foi um estranho mês de Agosto. Por mim, passo.