Ver o que se quer ver
Leio no jornal que Basilio Horta, deputado (agora) socialista, terá dito que o ministro da economia Santos Pereira vai ficar conhecido como o “ministro do desemprego”. Na televisão, à noite, vejo uma mulher aos gritos na Assembleia – ou era a Aiveca do Bloco ou a jovem Rita Rato do PCP – a chamar ao ministro Santos Pereira, já e com todas as letras, o “ministro do desemprego”.
Faço uma pequena busca pelo INE e verifico que há dez anos a taxa de desemprego se situava em 4,2%. Governava então, em fim de ciclo, o socialista António Guterres. Seguiu-se a sequência aziaga de Durão Barroso/Pedro Santana Lopes/José Sócrates. Só o homem que nos enterrou de vez governou os últimos seis penosos anos. O desemprego subiu, desse longínquo 2001 até ao actual 2011, para os 12,1%. Triplicou.
Não é “ligeiramente” exagerado, para não dizer objectivamente falso, chamar a Álvaro Santos Pereira, que tomou posse há cinco meses, o ministro do desemprego?
Não seria mais acertado e justo dizer que esta é ainda o país que herdámos de José Sócrates, a que se soma uma Europa de pantanas e um mundo à deriva? Isto é o que eu vejo, claro.
Mas lá está: cada um vê o que quer.