Day After
Sei que ter sido honrado com uma presença de muitas horas na homepage do Sapo com o post anterior não apenas elevou a audiência do blog a números incomuns como resultou no segundo maior numero de comentários a um único post desde que o blog existe.
Um grande momento!
Mas, para mim, o melhor desse momento foi ter assistido, na caixa de comentários, a um debate de ideias civilizado sobre a situação do país e a greve geral em particular. Só fui forçado a rejeitar um comentário por ser ofensivo e mesmo ordinário.
Normalmente, não comento os comentários. Tenho no “livro de estilo” aqui do blog que só em casos excepcionais – correcção factual de um erro, equivoco demasiado exposto, etc... – eu escrevo “em cima” do que os leitores escrevem.
Abro essa excepção hoje apenas para dizer que, ao contrário do que sugerem alguns comentadores, eu não sou “contra” a greve geral. Como podia ser? Sou um democrata, respeito todas as opiniões, acho que a greve é um direito inalienável, seja parcial, seja geral, acho absurdo que se argumente com a crise económica para criticar a greve, enfim, que fique claro: eu respeito a legitimidade da greve e não ponho em causa a de ontem nem nenhuma outra.
Isso não significa que pessoalmente adira à greve ou que entenda que ela tenha algum efeito.
Não aderi, pelas razões expostas – e, entre nós, sinceramente, porque acho uma forma de luta ultrapassada e com poucos ou nenhuns resultados práticos. Mas (lá está...), também não tenho forma de luta (e/ou pressão) alternativa para sugerir, e não tenho a violência como saída para qualquer crise... Assim sendo, mantenhamos a greve como única forma de manifestar revolta e oposição à governação. Tudo bem. Uns alinham, outros não – é a boa da liberdade...
Sejamos, porém, meridianos: não consta que haja um responsável político, um gestor, um governante ou ex-governante, um deputado, um só que seja, que tenha sido prejudicado pela greve de ontem. No final do mês receberão todos os mesmos salários, as suas empresas funcionam como se nada fosse, e o Governo continua legitimamente em funções, eleito que foi com maioria absoluta há menos de meio-ano. A crise está como estava e as medidas de austeridade são as mesmas.
Qual foi então o efeito prático da greve?
O que é que mudou?
Que portas abriu?
Estou aqui e não vejo nada. Se alguém vir, por favor ilumine-me...