Ao domingo, muito cá de casa
Uma das coisas boas de mudar de casa é limpar e deixar para trás o que foi só espuma ou menos que isso. Uma das coisas “más”, e ao mesmo tempo saborosa e doce, é a incontornável tendência para nos determos no que persistimos em ter junto de nós e pertence ao passado. Fotografias, por exemplo.
Olhando para esta, que junta o meu filho António Maria, então com 5 anos, e o Gô, com mais dez, filho de direito e ainda mais de vida dos meus grandes amigos Anabela e Gonçalo, é que, passados 11 anos, o carinho do mais velho pelo miúdo e a admiração do miúdo pelo mais velho também ajudaram ao que sucede neste começo de 2012: o Gô escolheu a Austrália para experimentar viver, e o meu filho escolheu a Austrália para estudar e aprender a experimentar viver. Há uma distância de uma década entre eles, com tudo o que isso implica – mas também há uma proximidade de ideias e ideais que acaba por inspirar uns e outros.
O Gô está em Portugal no momento em que o António Maria foi para a Austrália. Até essa ironia do destino torna mais deliciosa esta fotografia. Há 11 anos, nenhum de nós, pais e amigos, imaginávamos as voltas que a vida iria dar. Ou as linhas que se iriam cruzar, nem que fosse nos fusos horários deste mundo.