Se um jornal vende o dobro por oferecer um DVD, não vale afinal ele próprio metade do que aparenta?
Quando acordo, ligo o rádio e oiço os noticiários da TSF e da Antena 1. Anoto os temas dos fóruns de cada uma das estações. Bebo chá na sala, e vou picando a SIC-Noticias e a RTP-N. Depois recupero a minha peregrinação diária à blogoesfera para completar o trabalho de casa, que é a crónica para a rádio. No “Sapo” vou direitinho à “Banca dos Jornais” e vejo as primeiras páginas (boa parte delas já as tinha visto antes de dormir, na SIC Noticias), leio o que me interessa (ou o que me deixam).
Quando finalmente saio de casa, estou a par do que se passa no mundo. Dispenso, por isso, a maioria dos jornais gratuitos, porque não me dá mais do que já sei. E da imprensa diária, que por vício profissional ainda compro, leio apenas opinião e reportagem. Ah, e fofocas, que me divertem sempre...
Não me interessam as noticias, porque já não são – foram noticias... E é aqui que eu paro.
Todos os dias me interrogo sobre a imprensa diária, praticamente um euro por jornal, e o caminho que leva. Interrogo-me muitas vezes sobre os semanários, as revistas, ao preço de 3 ou 4 canções no I-tunes (e as canções ouvem-se tantas vezes...). Acho sinceramente que há um trabalho profundo de reflexão, análise e reacção por fazer nos media. Por agora, chuta-se para a frente com DVD’s, faqueiros, cursos de línguas e o mais que houver. Tapar o sol com a peneira e fazer de conta que aquela remodelação gráfica veio mesmo a calhar.
Jornais sem marketing e ofertas, nem pensar. Claro que sim. Mas é melhor antecipar cenários e fazer a pergunta: para quê jornais (ou revistas), se são quase residuais os que os compram pelo produto em si? Se um jornal vale o dobro da sua venda por oferecer um DVD, não vale ele próprio metade do que aparenta? Que negócio é esse, então?
É claro que quando leio o “El Pais”, o “Le Fígaro”, o “The Guardian”, reconheço-lhes uma consistência global, e uma ligação a um tipo de informação privilegiada, que lhes apara o golpe diário de um preço a pagar.
Mas acho que o meio a que ainda sinto que pertenço não percebeu o beco onde está metido E como tem de aprender a voar para sair dele.