16
Fev08
Pessoas e mais pessoas
A RTP chega ao meio século no mesmo ano em que eu “faço” 20 anos de televisão. Duas décadas sobre a primeira vez que subi a velha rampa do Lumiar... A RTP já era parte da minha vida antes disso, e continua a ser para lá das aproximações e afastamentos que o tempo se tem encarregue de testemunhar.
Nestes dias em que se recordam tempos idos, eu olho esta RTP que atravessou os tempos mais conturbados da História nas últimas décadas e o único sinal forte que reconheço é aquele que muitas vezes os números, as audiências, os momentos, acabam por maquilhar: é que a Televisão (como toda a comunicação) não existe enquanto entidade. Não é uma fábrica nem uma oficina. Não é algo que funcione independentemente de quem a faz. A RTP não é realmente a RTP, como o Diário de Noticias, por si só, não existe. Aqui não se fabricam parafusos.
Bem pelo contrário: a televisão, a comunicação, é a soma de cabeças individuais que pensam, criam e produzem os conteúdos. Não é indiferente ter ali esta pessoa ou antes aquela – faz toda a diferença um nome, uma cabeça, um projecto. Por mais que o pragmatismo dos números tenha tomado conta do universo mediático, ele nunca vencerá o sorriso de um apresentador carismático, a lança em África de um projecto inovador, a ousadia de uma programação. Ao contrário do que sucede noutros meios, aqui as pessoas podem mesmo ser insubstituíveis. Custa admitir por quem prefere valorizar marcas, números e performances, mas é um facto...
A RTP é a prova viva desta ideia: ameaçada ao longo dos anos por fenómenos tão diversos quanto o caos da revolução, o despotismo do poder ou o dinamismo dos canais privados, foi abaixo mas voltou sempre à tona de água - conseguiu dar a volta por cima e, como agora se diz, “chegar-se à frente”. Houve estudos? Certamente que sim. Houve método? É óbvio. Mas houve, acima de tudo, pessoas. Provavelmente, as pessoas certas, na hora e no local certos.
Os media são brutais no que ao tempo diz respeito: quem hoje serve, amanhã é esquecido. É um princípio a que temos de nos habituar. Mas ele é tão válido para o pior dos momentos como para o melhor. Só isso explica que, ao virar os 50 anos, a RTP se apresente com o dinamismo e a frescura que ninguém há uns anos poderia adivinhar-lhe.
E tudo se resume a uma palavra: pessoas. Quem quiser fazer bem comunicação, não vai poder dispensar os melhores ou reduzir tudo a números. Já era assim quando subi aquela rampa do Lumiar, em 1987. Era assim há 50 anos, mas não se sabia. Assim será no futuro, para o melhor e para o pior.
Nestes dias em que se recordam tempos idos, eu olho esta RTP que atravessou os tempos mais conturbados da História nas últimas décadas e o único sinal forte que reconheço é aquele que muitas vezes os números, as audiências, os momentos, acabam por maquilhar: é que a Televisão (como toda a comunicação) não existe enquanto entidade. Não é uma fábrica nem uma oficina. Não é algo que funcione independentemente de quem a faz. A RTP não é realmente a RTP, como o Diário de Noticias, por si só, não existe. Aqui não se fabricam parafusos.
Bem pelo contrário: a televisão, a comunicação, é a soma de cabeças individuais que pensam, criam e produzem os conteúdos. Não é indiferente ter ali esta pessoa ou antes aquela – faz toda a diferença um nome, uma cabeça, um projecto. Por mais que o pragmatismo dos números tenha tomado conta do universo mediático, ele nunca vencerá o sorriso de um apresentador carismático, a lança em África de um projecto inovador, a ousadia de uma programação. Ao contrário do que sucede noutros meios, aqui as pessoas podem mesmo ser insubstituíveis. Custa admitir por quem prefere valorizar marcas, números e performances, mas é um facto...
A RTP é a prova viva desta ideia: ameaçada ao longo dos anos por fenómenos tão diversos quanto o caos da revolução, o despotismo do poder ou o dinamismo dos canais privados, foi abaixo mas voltou sempre à tona de água - conseguiu dar a volta por cima e, como agora se diz, “chegar-se à frente”. Houve estudos? Certamente que sim. Houve método? É óbvio. Mas houve, acima de tudo, pessoas. Provavelmente, as pessoas certas, na hora e no local certos.
Os media são brutais no que ao tempo diz respeito: quem hoje serve, amanhã é esquecido. É um princípio a que temos de nos habituar. Mas ele é tão válido para o pior dos momentos como para o melhor. Só isso explica que, ao virar os 50 anos, a RTP se apresente com o dinamismo e a frescura que ninguém há uns anos poderia adivinhar-lhe.
E tudo se resume a uma palavra: pessoas. Quem quiser fazer bem comunicação, não vai poder dispensar os melhores ou reduzir tudo a números. Já era assim quando subi aquela rampa do Lumiar, em 1987. Era assim há 50 anos, mas não se sabia. Assim será no futuro, para o melhor e para o pior.
Ao sábado, reedições. Texto publicado em 2007, no DN. Com um excesso generoso de optimismo, talvez. Mas com a convicção de que “atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir”.