O regresso de Maria Elisa
Por razões que não interessam ao “post”, estive ligado, numa fase pré-histórica, ao programa “Depois do Adeus”, que ontem Maria Elisa estreou na RTP-1.
Ainda que a ligação seja ténue – só temperada até hoje pela amizade que me une à autora e apresentadora -, não quis perder a estreia do projecto. E deliciei-me com a forma excelente em que a profissional se encontra. E com as boas ideias que o programa concretizou. E com o resultado final.
Lembro-me de ouvir Maria Elisa falar do ténue fio que separa a emoção da lamechice, lembro-me do perigo de convocar para o cenário o drama gratuito e sem consistência. Lembro-me dos receios.
Mas o que vi esta noite foi uma lição exemplar dessa mistura fina entre a emoção, o sentimento, a raiz, e o jornalismo de serviço público que debate o tema para lá desse lado humano, que equaciona o passado e olha o futuro, que analisa o presente e estabelece todas as pontes.
Maria Elisa tem a fama e o proveito de um saber raro na nossa televisão: a conjugação do particular com o geral, do privado com o público, do popular com o académico.
Só tenho pena do dia e horário escolhido – o domingo à noite pediria, digo eu, programação mais leve. Mas isso já são outras contas deste rosário. Para memória futura o que fica é um programa que evocou, discutiu, perguntou, alertou, ouviu, mostrou. Ou seja, um programa de televisão no que a televisão pode ter de melhor.