Depois do barro atirado à parede
Ora bem: agora que sabemos, em comunicado formal, que a Administração da RTP tem um “mandato de gestão para desenvolver o Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira, aprovado pela tutela no final de 2011”, e que esta mesma Administração “manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente” ao cenário de concessão da RTP e fecho da RTP-2, já podemos olhar as palavras do “consultor” António Borges, e por essa via de (pelo menos) parte do Governo, que sugeriu a “solução final” para o Serviço Publico de Rádio e Televisão.
E olhando tudo o que foi dito e escrito, parece óbvio: Relvas mandou atirar barro à parede. O barro foi atirado. Não colou. Volta tudo ao começo. E assim se adia o processo RTP mais uns meses, ou mesmo uns anos. Nada como anunciar grandes mudanças para que tudo fique na mesma.
Por mim, mantenho: Portugal não se pode dar ao luxo de não ter um Serviço Público de Rádio e Televisão sólido, bem pensado, melhor gerido, e profissionalmente executado - justamente por esta ordem. É melhor assumi-lo no Orçamento de Estado do que escondê-lo em concessões, contratos, negócios e “parcerias” – já sabemos o que estes subterfúgios dão.
Mas é ainda melhor um Governo saber efectivamente o que quer do que andar a viajar na maionese do disparate.