Uma palavra de honra
Quando que se fala na palavra “Fundação”, a memória devolve-me à infância e aos jardins da Gulbenkian, onde sempre gostei de passear, onde namorei na adolescência. Mas também ao Museu Gulbenkian, o mais remoto onde me lembro de ter estado. Ao Centro de Arte Moderna, o primeiro espaço de cultura que vi nascer do nada. Ao auditório a céu aberto que me abriu os ouvidos ao jazz. E aos auditórios da Fundação, onde participei, jovem adulto, no Primeiro Congresso dos Jornalistas Portugueses (e me rendi às palavras de Ferreira Fernandes e Fernando Alves...). São só algumas memórias.
A palavra “Fundação” era para mim, até há pouco tempo, uma palavra de honra. Tinha esse sentido de doação de riqueza em prol dos outros, herança solidária e filantrópica.
Não foi por acaso que quis ler a biografia de Calouste Gulbenkian – foi justamente por essa admiração que inspira e convoca futuro, em nome de um passado.
A nossa classe política conseguiu agora, num ápice, tirar a honra à palavra “Fundação”. Melhor dito: “tirar-me” a honra à palavra “Fundação”.
Sei bem que, no momento que vivemos, em face do que pode faltar à mesa, uma palavra é pouco mais que nada. Ainda assim, uma palavra de honra é sempre uma palavra de honra.
Foi mais uma que mataram. Qual será a próxima?