O Banco Alimentar é maior do que alguns minutos de televisão
Não demoro neste tema: o momento televisivo de Isabel Jonet, que tem “abalado” a comunidade, e que podem ver aqui, é infeliz, e tenho a certeza de que a própria, ao revê-lo, nele não se revê. Pode perceber-se o que quer dizer, mas não se percebe o desastre que foi a forma como disse, a falta de jeito e cuidado no discurso, a displicência na atitude. Num momento critico como o que vivemos, o rigor das palavras, quando se fala de pobreza, é crucial. E aqueles minutos parecem fatais. É indiscutível, portanto, que Isabel Jonet teve um daqueles desaires mediáticos que deitam a perder anos de dedicação, entusiasmo, entrega e trabalho que tem tido na liderança do Banco Alimentar Contra a Fome. Ela protagoniza, a um tempo, o melhor e o pior da mediatização absolutista do nosso tempo: quem usa os meios para veicular a mais solidária mensagem, é por eles destruído quando tropeça no discurso e aligeira o peso de um drama real. Como se fosse picada pelo mesmo escorpião que lhe pede boleia para atravessar o rio...
Dito isto, aqueles minutos de televisão são gotas de água no oceano de solidariedade que o Banco Alimentar Contra a Fome tem constituído. E também são gotas de água nos anos de entrega e empenho que Isabel Jonet tem dedicado a quem efectivamente precisa de apoio e ajuda. Destruir o nome da pessoa, e da instituição, por causa de um momento infeliz de televisão, é admitir que o circo mediático tem mais poder do que a causa, o trabalho, e o valor, que os anos foram demonstrando, provando, e mais do que isso: fazendo.
Fazer ainda vale mais do que só falar, digo eu. Deixemos o Banco Alimentar fazer, com a Isabel Jonet, e admitamos que errar quando se fala é bem menos grave do que errar porque nada se faz.