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Pedro Rolo Duarte

31
Dez12

Escrever (não) é Triste

Todas as semanas, nesta Janela Indiscreta, escolho um blog. No fim de cada ano - e já lá vão alguns anos... -, escolho um blog do ano. Procuro talento, diversidade, novidade, qualidade, ousadia, criatividade. Não por esta ordem, nem cumulativamente. Às vezes basta uma destas qualidades em doses generosas.

A minha “eleição” é pessoal e vale o que vale – o trabalho dedicado, ao longo do ano, para fazer diariamente uma crónica de rádio sobre o que dizem os blogues e as redes sociais do que se passa no mundo, é a base deste olhar que necessariamente faz escolhas.

Hoje, ultimo dia do ano, lá vai para o ar – e para o podcast – a crónica que explica a escolha do ano. É esta, escrita para ser lida e ouvida, não para ser postada. Espero que me desculpem a oralidade desta escrita, se é que assim a posso classificar...

E votos de um 2013 em bom. O que isso possa querer dizer, ou ser...

 

“Tem sido assim na última Janela que se abre em cada ano: feitos os balanços de perdas e ganhos, de misérias e glórias, vale a pena escolher um blog, um lugar onde fomos felizes, ou podemos ser felizes no ano que se segue. A minha escolha para 2012 é um blog colectivo, de muita gente, nomes de peso ao lado de outros menos conhecidos, mas não menos talentosos, onde o mundo se observa sem a pressão da actualidade, numa fina mistura entre o pensamento rápido e a reflexão, a ficção, a crónica pessoal, o ensaio. A variedade dos autores – no estilo, na formação, na origem, até na profissão – resulta na variedade do próprio blog, que bem podia ser mensalmente impresso como uma revista, que bem merecia. Nasceu no final de 2011, “do signo Sagi­tá­rio com Car­neiro no ascendente”, como então escreveu uma das suas mais dinâmicas bloggers, Rita Roquette de Vasconcellos. Chama-se Escrever é Triste, mas o nome engana. Explica-se: “O nome, tiraram-mo de Drummond. Acompanho com um improvável bando de Tristes. Conheço-os bem e a eles me confio. Se me disserem, «feche os olhos», fecharei os olhos. Se me disserem, «despe-te», dispo-me”. Escrever, para este bando, não é mesmo nada triste. Eis parte do seu estatuto editorial:

“Somos um blog colec­tivo pes­so­a­lís­simo.

Misturam-se, no “Escre­ver é Triste”, duas cor­ren­tes de fundo: o pra­zer desin­te­res­sado da escrita e o risco de exi­bir for­mas ínti­mas de ver o mundo.

Escrever-se-á de tudo, desde que sejam gos­tos: de livros ou de fil­mes, de pin­tura ou de música, de ideias ou de com­por­ta­men­tos, do quo­ti­di­ano ou de utopias.

Para se escre­ver de tudo, tudo serve: uma lem­brança de infân­cia, um acon­te­ci­mento em curso, um far­rapo de con­versa que se ouviu, uma efe­mé­ride, a actu­a­li­dade, a pas­mosa vari­e­dade do que se publica na “rede”. A única exi­gên­cia é que esse tudo seja con­ver­tido numa voz, a voz de quem escreve.

Haverá três mode­los de posts, gra­fi­ca­mente distintos:

- Os posts livres, em que os auto­res abor­dam temas, ideias, epi­só­dios, gos­tos e sobre eles dis­cor­rem, em geral escre­vendo, nal­guns casos dese­nhando ou foto­gra­fando;

- Os posts de fic­ção;
- Os posts cur­tos, numa linha de escrita auto­má­tica, rápi­dos, con­fes­si­o­nais ou não, decla­ra­ti­vos e, por­ven­tura, intem­pes­ti­vos”.

Assim é, efectivamente, no Escrever é triste, pela mão de nomes como os de Manuel S. Fonseca, Pedro Bidarra, António Eça de Queiroz, Pedro Marta Santos, Diogo Leote, Ruy Vasconcelos, Bernardo Vaz Pinto, Henrique Monteiro, Pedro Norton, Eugénia Vasconcelos, Teresa Conceição. Deixo-vos apenas alguns dos 18 autores do blog, que podem encontrar em escreveretriste.com, e que junta realmente sensibilidade, talento, imaginação, criatividade, mas também provocação e ousadia. É o paradigma do melhor que um blog pode ter – fugindo à actualidade sem escapar ao que é actual.

Fica de novo o nome do meu blog do ano: Escrever é Triste. Basta ler para perceber que escrever não é nada triste – mas até nesse pormenor da escolha há uma centelha de luz. A mesma luz que desejo a todos para 2013".

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