Expresso, ano 40
O Expresso faz hoje 40 anos e está de Parabéns.
Tenho pena que chegue a esta década – aquela em que ainda vivo, oito anos mais velho do que ele... – com a respiração cada vez mais curta. Só no último ano foram embora 10 mil compradores, o que é desproporcionalmente mais grave do que a crise em que qualquer argumentação se sustenta.
Faço parte daqueles que, todos os sábados, compram o Expresso sem aquele lamento do “é um hábito, apenas isso”. Compro porque acho que vale a pena comprar - e quando deixar de achar, não serei dos que lhe chamam “Espesso”.
Mas também faço parte daqueles que, todos os sábados, acham que o Expresso tem feito menos por si próprio do que devia para merecer o título de primeiro semanário português. E que lhe falta hoje a garra e a chispa que o fez resistir, noutros tempos, às investidas da modernidade. Vá lá saber-se porquê, ocorre-me sempre o nome de Vicente Jorge Silva...
Resultado: o Expresso merece os Parabéns pelo dia de hoje – mas usando uma palavra sabiamente dita por Octávio Ribeiro no último Expresso-da-meia-Noite, talvez deva estudar bem o significado da palavra “humildade”, para perceber melhor o que o futuro lhe reserva.
Não está sozinho – toda a imprensa portuguesa vive hoje na mesma barca de Noé... -, mas dada a sua condição, idade e História, talvez devesse comandar o barco. Este aniversário é talvez a última oportunidade para recuperar essa liderança de criatividade, ousadia e seriedade, tudo a um tempo e no mesmo registo. A ver vamos como lida com os “entas”.