Vivo e experimento, ponto final
Há dois verbos que se usam agora, por tudo e por nada, e que me tiram do sério. Comecei por pensar que eram invenção de vendedores de banha da cobra – muitos deles, na versão 2.0, ganham dinheiro a “estimular o empreendedorismo” em conferências -, ou de políticos profissionais, ou talvez tivessem nascido no maravilhoso mundo dos comentadores de tudo e de nada.
Há bocado dei-me ao trabalho de ir ver se os verbos existem. E não é que existem mesmo?
Ou seja, é ainda pior: há dois verbos que se usam agora, por tudo e por nada, cujas versões originais, que desde sempre se usaram, são francamente melhores, mais elegantes, e simples. Por que raio então é moda dizer-se vivenciar, em vez de viver? Ou experienciar, em vez de experimentar?
Toda a vida vivi e experimentei. Nunca vivenciei nem experienciei.
Mas no mundo moderno as pessoas “vivenciam” e “experienciam” cenas.
Aqui em casa, nada mudou. Vivo e experimento.
Não, não me lixem: nem acordo ortográfico nem verbos que complicam o que é simples.
Ou alguém prefere vivenciar o que pode viver?