E se ele se calasse?
Sempre que o ministro Vitor Gaspar fala, há mais uns milhares de desempregados, há mais uns milhões de euros em défice, há mais famílias endividadas e pobres nas ruas, há menos exportações, menos PIB, menos luz ao fundo do túnel.
E se ele se calasse?
A minha dúvida, para começo de semana, é mesmo essa: a coisa resolve-se calando o ministro?
Marcelo Rebelo de Sousa terá comparado Gaspar a um (mau) astrólogo. Não me parece uma comparação feliz: o segredo do astrólogo, mesmo do medíocre charlatão, é conseguir encontrar, entre previsões infundadas, algumas obviamente acertadas: se o senhor andar à chuva, molha-se; ter cuidado com a saúde é importante; invista na sua carreira. O cliente do astrólogo sai do consultório com algum alívio, porque parte dos conselhos recebidos são incontornáveis lugares-comuns.
Já com Vitor Gaspar é diferente: ele prevê o pior, e a seguir vem ainda pior. No fim, volta a falar e diz que está desapontado. E quanto mais bate no fundo, mais fundo há para bater. Talvez o problema não seja do país ou da economia – talvez seja dele, do ministro.
Calando-o, não ficávamos mais sossegados na miséria em que mergulhámos, pelos vistos, sem retorno?