04
Mar08
Um “achista” à solta
Lá estão de novo a debater o tema da educação. Hoje numa perspectiva enriquecida pelo olhar de sábios como João Lobo Antunes e António Câmara. O debate não corre mal.
Mas às tantas vejo levantar-se e falar Carlos Coelho, o homem que os media elegeram para se pronunciar sobre marcas, logótipos, imagem, marketing (Portugal tem esta característica quase risível, porém verdadeira: de vez em quando descobre um “especialista”, fixa-lhe o numero de telemóvel, e ei-lo a fazer jus à ideia do “cair em graça”...).
Carlos Coelho é um bom profissional – mas não é tão bom quanto ele se julga. É um excelente vendedor de si próprio, mais do que dos produtos que lhe pedem visibilidade. Não percebo o que pode acrescentar a este painel sobre educação – nem ele, pelos vistos, dado que debita em escassos minutos um conjunto generoso de baboseiras sem nexo, apelando ao apaziguamento da crise entre professores e Ministra. Estou a tentar concentrar-me no que diz, mas não consigo porque não percebo onde quer chegar. Ele também não percebe, enrola-se nas palavras, evoca os filhos que estudam no estrangeiro mas não explica porquê, e às tantas elogia a escola portuguesa pela “sensibilidade” (??). Enfim, parece um espontâneo que entrou sem convite no auditório da RTP.
Ora, os mecanismos do cérebro são misteriosos, mas às vezes tremendamente perspicazes. Lembro-me de ter passado há poucos dias pelo site da empresa dirigida por Coelho, e de ter lido qualquer coisa sobre o “achismo nacional”. Regresso agora a correr ao site. Lá está: “Da força colectiva do verbo achar terá, porventura, nascido um dos maiores inimigos das marcas, o achómetro. Constituindo-se enquanto direito fundamental de todos os cidadãos que se acham capazes de tudo achar, as marcas são objecto dos mais inóspitos, variados e múltiplos "achamentos". Nesta medida, e estando sujeitas ao que todos acham, estará o futuro das marcas reservado à procura da unanimidade que conduz à burrice? (...) Perdoem-me a franqueza, mas por favor calem-se aqueles que não sabem achar! Achar significa fundamentar, estudar, pesquisar, analisar e, no final, construir uma opinião concreta e responsável”
Carlos Coelho criticou aquilo que acaba de protagonizar na RTP. Ele foi o “achista” de serviço (papel em que, curiosamente, o tenho visto actuar frequentemente). Hoje, em nome do que defende e prevenindo o tal “futuro reservado à procura da unanimidade que conduz à burrice”, perdeu uma excelente oportunidade para estar calado.
Não foi a primeira vez. Temo que não seja a última.
Mas às tantas vejo levantar-se e falar Carlos Coelho, o homem que os media elegeram para se pronunciar sobre marcas, logótipos, imagem, marketing (Portugal tem esta característica quase risível, porém verdadeira: de vez em quando descobre um “especialista”, fixa-lhe o numero de telemóvel, e ei-lo a fazer jus à ideia do “cair em graça”...).
Carlos Coelho é um bom profissional – mas não é tão bom quanto ele se julga. É um excelente vendedor de si próprio, mais do que dos produtos que lhe pedem visibilidade. Não percebo o que pode acrescentar a este painel sobre educação – nem ele, pelos vistos, dado que debita em escassos minutos um conjunto generoso de baboseiras sem nexo, apelando ao apaziguamento da crise entre professores e Ministra. Estou a tentar concentrar-me no que diz, mas não consigo porque não percebo onde quer chegar. Ele também não percebe, enrola-se nas palavras, evoca os filhos que estudam no estrangeiro mas não explica porquê, e às tantas elogia a escola portuguesa pela “sensibilidade” (??). Enfim, parece um espontâneo que entrou sem convite no auditório da RTP.
Ora, os mecanismos do cérebro são misteriosos, mas às vezes tremendamente perspicazes. Lembro-me de ter passado há poucos dias pelo site da empresa dirigida por Coelho, e de ter lido qualquer coisa sobre o “achismo nacional”. Regresso agora a correr ao site. Lá está: “Da força colectiva do verbo achar terá, porventura, nascido um dos maiores inimigos das marcas, o achómetro. Constituindo-se enquanto direito fundamental de todos os cidadãos que se acham capazes de tudo achar, as marcas são objecto dos mais inóspitos, variados e múltiplos "achamentos". Nesta medida, e estando sujeitas ao que todos acham, estará o futuro das marcas reservado à procura da unanimidade que conduz à burrice? (...) Perdoem-me a franqueza, mas por favor calem-se aqueles que não sabem achar! Achar significa fundamentar, estudar, pesquisar, analisar e, no final, construir uma opinião concreta e responsável”
Carlos Coelho criticou aquilo que acaba de protagonizar na RTP. Ele foi o “achista” de serviço (papel em que, curiosamente, o tenho visto actuar frequentemente). Hoje, em nome do que defende e prevenindo o tal “futuro reservado à procura da unanimidade que conduz à burrice”, perdeu uma excelente oportunidade para estar calado.
Não foi a primeira vez. Temo que não seja a última.