07
Mar08
A porta aberta
Andava à procura de qualquer coisa (que não interessa o que é) quando dei de caras com uma ideia muito interessante relacionada com esta nossa paranóia comunicativa dos tempos modernos (de que a blogoesfera é mais um patamar, um dos muitos). Titulo do post: “Be afraid, be very afraid”. Texto: “Temos um blog: «anything you say or do can and will be used against you»”. Estava assinado, por Sam, em Serendipity, foi escrito há quase quatro anos, e deixou-me a pensar nesta ideia de confessionário, de desabafo, que um blog tantas vezes constitui. Passamos a vida a queixarmo-nos do “Big Brother” que está nas câmaras de filmar das lojas, no Multibanco, nas antenas dos telemóveis, na Via Verde, nas declarações de impostos e em tudo o que nos pedem quando pedimos dinheiro ao banco...
(A propósito: aqui há dias fui ao banco pedir para mudar a morada da correspondência e deram-me esta resposta extraordinária: “Só aceitamos o pedido com uma factura da nova morada em seu nome, são instruções do Banco de Portugal por causa do crime económico, nomeadamente a lavagem de dinheiro”. E eu a lembrar-me de um amigo que, há muitos anos, recebia as cartas do banco no local de trabalho porque não queria que a mulher - ciumentérrima... - soubesse onde ele “aplicava” o cartão Visa... Coitado desse meu amigo nos dias de hoje...)
... Voltando ao tema: queixamo-nos do controlo, da devassa da intimidade nas fronteiras dos aeroportos, das câmaras de filmar nas estradas. Queixamo-nos de que somos controlados.
Mas somos os mesmos que depois abrimos ainda mais a porta de casa a contar a vida em blogues, a deixar a marca da hora a que passamos por aqui, a trocar comentários que muitas vezes revelam intimidade, e cujo backup não sabemos onde fica, e que nos expomos nos Hi5 e Facebook's desta vida, e nos deixamos levar pelo entusiasmo de uma discussão acalorada ou mesmo, quantas vezes, o começo de uma paixão, e “falamos” no messenger como se mais ninguém pudesse “ouvir”.
De uma vez por todas, é melhor começar a admitir que escancaramos a vida diariamente porque é assim que ela é vivida nos tempos em que vivemos. Ou seja: «anything you say or do can and will be used against you». Quem não quer, é melhor mudar-se para o campo (de preferência sem multibanco....).
Eu nem me queixo. Apenas noto.
(A propósito: aqui há dias fui ao banco pedir para mudar a morada da correspondência e deram-me esta resposta extraordinária: “Só aceitamos o pedido com uma factura da nova morada em seu nome, são instruções do Banco de Portugal por causa do crime económico, nomeadamente a lavagem de dinheiro”. E eu a lembrar-me de um amigo que, há muitos anos, recebia as cartas do banco no local de trabalho porque não queria que a mulher - ciumentérrima... - soubesse onde ele “aplicava” o cartão Visa... Coitado desse meu amigo nos dias de hoje...)
... Voltando ao tema: queixamo-nos do controlo, da devassa da intimidade nas fronteiras dos aeroportos, das câmaras de filmar nas estradas. Queixamo-nos de que somos controlados.
Mas somos os mesmos que depois abrimos ainda mais a porta de casa a contar a vida em blogues, a deixar a marca da hora a que passamos por aqui, a trocar comentários que muitas vezes revelam intimidade, e cujo backup não sabemos onde fica, e que nos expomos nos Hi5 e Facebook's desta vida, e nos deixamos levar pelo entusiasmo de uma discussão acalorada ou mesmo, quantas vezes, o começo de uma paixão, e “falamos” no messenger como se mais ninguém pudesse “ouvir”.
De uma vez por todas, é melhor começar a admitir que escancaramos a vida diariamente porque é assim que ela é vivida nos tempos em que vivemos. Ou seja: «anything you say or do can and will be used against you». Quem não quer, é melhor mudar-se para o campo (de preferência sem multibanco....).
Eu nem me queixo. Apenas noto.