Vaidades
...Ora deixa-me lá descansar enquanto publico, encurtado, um texto teu que eu gostava de ter escrito. Porque sim. Também porque era sinal de que já tinha visto. Não vi. Mas tu viste e eu sei que o que tu vês é muitas vezes igualzinho ao que eu vejo. Vai daí, aqui. Com uma palavrinha ao “Jornal de Negócios”, que publicou originalmente a prosa. E um beijinho daqui de Lisboa...
A Anabela Mota Ribeiro mandou-me o texto para eu me contorcer e ir ao BPI-Net ver como andam as finanças e apanhar um transporte qualquer para Londres. E ver. Ver o que ela escreveu para se ver:
“Primeiro não se estranha, depois já estamos entranhados. Vislumbramos ao fundo Hollywood em 2001 (a esfíngica Kidman, a voluptuosa Loren, a eterna Deneuve, a subversiva Chloë Sevigny…). Reconhecemos Demi Moore, numa nudez orgulhosa, a segurar a barriga de sete meses. Uma madonna de Botticelli. A actriz diria: “Neste país, as pessoas não conjugam a maternidade e a sexualidade. Durante a gravidez, não é suposto ser bonita ou sexualmente apelativa. Ou se é sexy, ou se é mãe”. Estava-se em 1991 e Annie Leibovitz, fotógrafa de celebridades, criadora de mitos, legava uma imagem para a posteridade.
Noutra parede, Madonna encarna Evita Péron. Um fundo verde do qual ela emerge, envolva em peles. Uma leve comiseração no olhar, uma mão no peito pelos pobres e descamisados. Fotografada pelo amigo Mario Testino. A material girl detém um recorde de capas da Vanity Fair: nove. Testino registou também a desenvoltura de Diana, a outra mulher mais famosa do mundo, a par de Madonna, meses antes do acidente de carro que vitimou a princesa. Ele pediu-lhe que imaginasse que chegava a casa depois de uma festa; e mostrou-a como nunca. Confiante, sexy, moderna.
Diana consta desta galeria de famosos. Entramos na sala de exposições e é como se folheássemos um álbum de família. Não se estranha, já estamos entranhados. A haver um apelido para esta família, é Celebridade”.
Pronto. Editei o texto, que é maior e melhor. Mas o que eu queria era dizer que a National Portrait Gallery, em Londres, tem até 26 de Maio a exposição que celebra os 95 anos da revista Vanity Fair. “É-se célebre quando se aparece na Vanity Fair, fica-se celebre quando se aparece na Vanity Fair”, escreve a Anabela. Como eu gostaria de ter escrito. Até já.