A poucos dias das eleições autárquicas
(Para mim, a poucos dias das eleições em Lisboa)
Estava a ler na página de Facebook da Laurinda Alves: “Esta cidade está um arraso. Os lugares de encontro para desportos ao ar livre, artes e festas multiplicam-se por todo o lado, desde a beira-rio aos jardins, coretos, praças e pracetas, e em cada esquina se improvisam performances e iniciativas mais ou menos inéditas. (…) Esta cidade parece Berlim, sempre em festa!”.
Concordo com a Laurinda, e não foi por acaso que aceitei, mais uma vez, pertencer à Comissão de Honra da candidatura de António Costa. Lisboa é hoje uma cidade mais viva do que nunca, mesmo no olho do furacão de uma crise profunda e sem grandes meios de financiamento. É de louvar esta resistência à depressão - e basta uma volta ao fim de semana pelo novo Intendente para se perceber de que falo quando falo de pouco dinheiro e muita vontade.
Ainda assim, não posso deixar de dizer que acho a solução para o Marquês de Pombal/Avenida um absurdo, cujos benefícios ambientais são francamente mais pobres do que a confusão generalizada criada no trânsito que rodeia toda a zona; como acho que Lisboa continua a ser uma cidade pouco limpa, pouco cuidada; como sinto na pele os efeitos das ruas mais esburacadas da Europa; como sinto o trânsito na cidade mais caótico do que nunca.
Sei que não se faz tudo ao mesmo tempo, que há prioridades, e que o dinheiro escasseia. Nessa medida, ainda acredito que António Costa geriu melhor o mal maior do que os seus opositores fariam – e persisto nesse crédito. Mas espero que, nos próximos anos, a equipa socialista saiba “limpar” melhor a cidade, recolocar o Marquês do Pombal no seu lugar de honra (basta-me pensar na saudável balburdia das grandes rotundas de Paris para me envergonhar da praça do Marquês de Pombal reduzido a um, diria o meu pai, “bidé da marquesa”…), e fazer renascer a baixa e a Almirante Reis como soube fazer no Chiado e na Avenida da Liberdade.
Gosto hoje mais de Lisboa do que gostei no passado – mas ainda gosto menos do que queria. Talvez seja esse o desafio maior – e ainda que critico, é com honra que manifesto o meu voto. Dito.