Palavras minhas, cantadas
No ano que vem faço 50 anos - e por isso tenho a presunção de achar que, no que à minha área profissional diz respeito, já passei por quase tudo.
Redondo engano. Enorme engano. Vivi há minutos um dos mais comoventes e emocionantes momentos da minha vida profissional (e porque não dize-lo, estava “entre amigo”: pessoal): ouvir cantada e pronta uma canção cuja letra escrevi.
Ouvir cantar palavras que escrevemos é como se fosse possível (para um jornalista) ouvir um texto lido num palco. Não é impossível, mas é improvável.
Dado que as palavras foram transformadas em musica, é como ver um trabalho pessoal elevado a uma potência maior, colocado num pedestal, religiosamente tratado. Surpresa e revelação, são as palavras que me ocorrem.
Mais simplesmente: emoção, comoção, e uma alegria indizível. Num dia especialmente duro, foi como se uma voz superior me provocasse: “e se agora eu te desse uma alegria imensa?”.
E deu mesmo.
(Em breve poderei dizer que letra escrevi e para quem. Por agora, é apenas cá em casa).