… Ou como diria Fernando Lopes, “nós por cá todos bem”
Concordo com Vasco Pulido Valente (no Público de ontem):
“Quando se provou que os partidos de esquerda se tinham metido num beco sem saída, a primeira ideia que veio à cabecinha das notabilidades da seita foi fabricar mais partidos sempre à procura da mítica “unidade”, que por toda a parte desapareceu logo na sua auspiciosa criação”.
Na verdade, os movimentos que vejo aparecerem à volta de Mário Soares, ou de Carvalho da Silva, ou o putativo Partido Livre, mais me parecem aquelas simpáticas feiras de produtos artesanais que pontuam agora o fim de semana de Lisboa: resolvem pontualmente os problemas de artesãos e desempregados, animam e entusiasmam, por momentos, os clientes; e morrem tranquila e pacatamente no fim de cada dia. Não têm consistência nem consequência – mas também não precisam de uma ou outra.
Porém, há uma diferença substancial entre as feirinhas (que frequento com gosto) e esta moda nova de criar movimentos à esquerda: as primeiras constituem pequenos negócios sem qualquer ambição disparatada; os segundos, levam-se a sério, ainda que não cheguem a lado algum, e ambicionam mudanças que nem sequer conseguem exibir ou promover.
A uma direita ortodoxa e (contraditoriamente) liberal, sem resposta nem saída para a crise, vem uma esquerda burra responder à procura de encontrar a agulha no palheiro de fogo fátuo da inconsistência e da errância.
Não sei o que será pior. Nem eu nem todos aqueles que se vão chegando paulatinamente à resistência pouco activa da abstenção.