Um logro
O “Público” é o mais caro dos jornais diários portugueses. Talvez seja o melhor, não ponho em causa, mas é o mais caro. À sexta-feira sobe em 50 cêntimos o preço de capa (um aumento de quase 50%), porque reforça a sua oferta com os suplementos Ipsilon e Inimigo Público. Eu gosto de ambos e essa é uma das razões porque compro o Público à sexta-feira.
Pois bem: sem qualquer aviso ao incauto leitor, o “Público” de hoje não inclui o suplemento “Inimigo Público” (que, com o correr dos anos, foi minguando e agora já só tem 4 páginas). Mas cobra na mesma 1,60 euros pela edição impressa. Acho que isto configura qualquer coisa próxima do logro. Intrujice.
No mínimo, um aviso na primeira página (como aliás deveria fazer sempre que um colunista regular não escreve). Nos dias que correm, muita gente compra ainda jornais apenas por causa dos colunistas, das matérias de investigação e reportagem, da fotografia (quando a acarinham, coisa rarissima…) e dos suplementos. Porque a verdade é esta: as notícias, oiço-as na rádio, vejo-as na net...
Respeitar o leitor que ainda procura jornais em papel passa pelo cuidado de o informar sobre as alterações à normal edição de cada dia. Em tempos de austeridade, escolho com rigor a imprensa que compro - e talvez hoje tivesse dispensado o Público se soubesse que não trazia o “Inimigo” e que o Ipsilon está reduzido a 32 páginas. Em resumo: sinto-me enganado. Na semana que vem verificarei o miolo da edição antes de me chegar à frente.
(... e assim vai a imprensa, já doente, caminhando paulatinamente para o abismo... Como se não houvesse amanhã. Cada vez há menos.)