O bolo e o dinheiro do bolo
Confesso que me considero o mais liberal dos profissionais no que respeita à relação entre jornais, media, e anunciantes. Defendo parcerias, acordos, patrocínios, defendo mesmo que a imprensa tem muito a aprender com as técnicas e a filosofia da publicidade, e vice-versa. Nos tempos do DNA, fizemos edições patrocinadas (lembro-me de uma, toda dedicada à cor amarela, patrocinada pelo Cutty Sark, e outra dedicada a Lisboa, patrocinada pela Mundicenter/Amoreiras, entre outras).
… Mas também acho que há limites.
As primeiras páginas de hoje dos principais jornais diários ultrapassam claramente os limites do saudável convívio entre anunciantes e meios de comunicação. Apesar da indicação “pub”, o que se vê nas bancas são jornais com manchetes e noticias dedicadas a um banco, e outdoors com os mesmos jornais e as mesmas manchetes como se fossem efectivamente as noticias do dia. Ultrapassou-se o limite? Claramente. Não percebo como tal foi aceite por todos os meios.
Não vale tudo para salvar um negócio em risco. Ou então vale - mas nesse caso está garantida a morte do próprio negócio.
Como diz a Paula, não se pode ter o bolo e o dinheiro do bolo.