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Pedro Rolo Duarte

12
Mai08

O terramoto em falta

Tinha pensado escrever sobre o leilão de “O Independente” depois de ter lido, no “Correio da Manhã”, o desabafo da minha querida Gloria Raimundo – telefonista do jornal desde o número zero -, que exclamou (quando soube que o titulo do jornal valia 1100 euros): “Sinto-me enxovalhada com as ofertas. Se soubesse que era assim, tinha vendido o carro para comprar O Independente”.
A Glória merecia que lhe oferecessem o título. E apeteceu-me recordar os primeiros dias de “O Independente”, a personalidade singular da Glória (e de como ela, de alguma forma, simboliza o melhor que aquele jornal teve), e a falta que faz a simples ideia de uma voz independente nos media portugueses. Eu, que trabalhei em “O Indepedente” durante o primeiro ano e meio da sua existência, raras vezes me senti tão livre – até mesmo para escrever e publicar alguns dos mais rematados disparates da minha irrelevante história.

Mas entretanto comprei o Público e li a crónica de Vasco Pulido Valente, com o certeiro titulo “Um Adeus Português”. A vida ensinou-me: se alguém diz melhor do que tu aquilo que querias dizer, cala-te! Reproduz o texto daquele que escreveu bem o que irias escrever de forma sofrível. Cá está:

“Falar de O Independente sem falar na liberdade que Miguel Esteves Cardoso trouxe ao jornalismo português não faz sentido. O Terceiro Caderno raspou a solenidade e a pompa de uma geração que, da esquerda ou da direita, herdara as tradições do "respeitinho" indígena. Depois do Terceiro Caderno não se escreveu mais como se escrevia antes. Claro que a iconoclastia empurra sempre para o excesso e que, de quando em quando, se pisou de facto o risco do bom senso e da simples decência. Resta que ler ou escrever no Indy foi um privilégio. Portugal precisava hoje de um terramoto igual”.

Obrigado, Vasco. Portugal precisa de um terramoto igual. Juntem-se as pessoas certas, como se juntaram naquele tempo o Miguel, o Paulo. E todos nós.

 

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