5 anos (II)
Ora cá estão os dois “marretas” que há cinco anos se encontram semanalmente para tentar fazer duas horas de rádio com assinatura, sem perder a humildade; e com sentido, sem perder o humor.
Ontem foi especial - era dia de anos, era dia de sair do casulo e dar a cara. Neste caso, no (muito bem) renovado Mercado de Campo de Ourique. Sempre sob o olhar vigilante e atento da Joana Jorge, e com o contributo rico do saber de Henrique Cayatte - designer, ilustrador, aqui mais na qualidade de “campo d’ouriquense” apaixonado pelas cidades e pelas pessoas. Foi uma belíssima conversa - por causa dele, por conta dele.
E ver amigos passar por ali, fosse a Sofia Rato ou a Patricia Muller, fosse o meu próprio filho ou um ouvinte anónimo, tem o sabor doce que nos faz sentir em casa.
Por mim, confesso: ao vivo e a cores, em directo, a emissão perde alguma da intimidade que o marca. Mas, por outro lado, ganha nos olhares que se cruzam e que dão sentido ao nosso trabalho, e na dinâmica que transforma comunicação fechada em diálogo aberto. No balanço, ficam ela por ela, ou ele por ele, para ser rigoroso. São programas diferentes, mas não deixam de ser o mesmíssimo Hotel Babilónia que jamais pensei (acho que posso dizer pensámos, falando pelo João) que ganhasse a dimensão e o alcance que estes cinco anos têm mostrado. Fizemos por isso, acho - mas tivemos a felicidade de ter quem nos ouvisse para isso. É o que conta.
Sábado que vem, o Hotel volta ao seu registo habitual. Mas na minha cabeça, o que fica de mais esta jornada é isto: a rádio é mesmo um amor para a vida. E quem a faz com esse amor incondicional tem a recompensa maior - que é ser amado.
Como dizia a Patricia, que não faltou à chamada, “ama quem te ama”. Está certo. E assim vai continuar.
(a fotografia é da Joana Jorge, foi ligeiramente editada no iPhoto)