Impunidades
Sem querer repetir o que já foi dito – e acho que tudo já foi dito -, o que verdadeiramente me atormenta no “Caso Maddie” é a incapacidade de as diversas frentes em jogo (jornais, televisões, familiares e amigos da criança, PJ...) darem o braço a torcer, assumirem uma postura de humildade e dizerem: pedimos desculpa, isto não correu nada bem.
Reparem que estamos a falar de pessoas, atitudes de pessoas, sentimentos de pessoas. Somos todos iguais. Todos erramos. Ora, neste caso, até hoje, não houve uma só pessoa que tivesse a coragem – neste caso, humildade e sabedoria – de dizer: errei.
Nem os pais, que terão sido, no mínimo, um bocadinho negligentes. Nem as policias, que investigaram mal e porcamente e acusaram sem fundamento. Nem os jornais e televisões, que foram “engolindo” diariamente as versões, teorias e conspirações que lhes garantiram audiências, créditos e renovadas fontes, sem nunca fazerem o seu próprio trabalho de casa.
O que fica deste caso é a ideia de que se pode sacudir a água do capote impunemente. Em todas as frentes. Sempre. Com um saldo dramático: três arguidos que afinal foram injustamente acusados (e julgados no mais penoso dos tribunais, que é o da opinião pública). Uma criança eternamente desaparecida. A culpa morrerá solteira: “aos costumes disse nada”.