Vinte anos depois
Uns dias depois, conheci o Paulo Portas numa conversa informal num escritório com vista para a Maternidade Alfredo da Costa. O Miguel só me conhecia de nome.
Entrei para “O Independente” poucas semanas antes do jornal nascer. Sabia bem menos de jornais do que julgava. E tive a minha primeira directa a golpes de stress no “fecho” do jornal que mostro neste vídeo.
Quando acordei na sexta-feira e vi a primeira página que o Miguel, o Paulo e Manuel tinham feito com o Jorge, percebi que tinha aceite o convite incerto para o mais certo jornal do meu tempo.
Passaram duas décadas e eu não imaginava como tanto poderia mudar em apenas 20 anos. Mas na altura eu devia achar que 20 anos seriam uma eternidade – e hoje, claro, parecem-me grãos de areia a voar nesta ventania de Agosto em Lisboa.
E todos os anos me lembro destas noites de brasa – de como então aprendi a conviver com a felicidade e a tragédia nesta profissão, e de como aprendi que, no confronto entre um sentimento e um facto, ganha sempre o sentimento.
Vinte anos depois, regresso ao Chiado. E àquele bocado de mim num jornal de tantos.