Mais um momento ASAE da ERC...
Leio no Expresso online: “No relatório intercalar de avaliação do pluralismo político-partidário divulgado esta semana, a ERC diz que a RTP deve "promover uma representação mais plural de forças e sensibilidades político-partidárias". (...) A direcção da RTP já decidira diminuir, depois de sucessivas insistências da ERC, o tempo de antena de Marcelo para o equilibrar com o do socialista António Vitorino. Segundo o Expresso apurou, em preparação estará uma nova grelha de comentário político que deverá dar espaço aos outros partidos durante o ano eleitoral que aí vem. O professor, cujo comentário dominical na televisão pública foi reduzido no regresso de férias em 15 minutos - passou dos 35 habituais para 20 minutos, para ficar mais equilibrado com os 15/20 que Vitorino ocupa à segunda-feira -, acha bizarro associarem-no a uma mera voz do PSD”.
Ora bem: depois de mais este momento ASAE da ERC (Entidade Reguladora da Comunicação), sugiro que a RTP tome medidas profundas no sentido da poupança dos custos com pessoal. É que começam a não fazer falta na casa directores de informação, editores, chefes de redacção. Basta um elemento designado pela ERC, munido de um cronómetro, e o jornalismo da estação pública tornar-se-á impoluto, isento e livre. Com tempos marcados para cada partido, cada instituição, talvez mesmo uma distribuição equitativa e justa do tempo dedicado ao crime em função da sua representatividade no espectro nacional...
Bizarra não é a peregrina ideia de ver Marcelo como um “representante” do PSD – para mim, o seu valor acrescentado é a capacidade de expressão, a inteligência, a cultura e o raciocínio que exibe semanalmente -, bizarra mesmo é a existência da ERC...
PS - A subversão de todos os valores que identificam e marcam o jornalismo – trabalho editorial, escolha, hierarquia da informação -, é levado ao extremo por esta Entidade, que quer transformar os espaços jornalísticos da RTP numa versão pós-moderna dos Tempos de Antena. Triste sina, a do jornalismo televisivo nos dias que correm: voltar àquelas longas e penosas horas de emissão a preto e branco, nos idos de 70, com espaço e tempo marcado para partidos, movimentos, associações, grupos jantaristas, escuteiros, produtores de leite, eu sei lá...