Sem cabeça
O jogo de Portugal com a Albânia pareceu-me uma excelente metáfora sobre o próprio país e o estado em que se encontra:
Vive quase a conseguir, quase a lá chegar, quase a vencer. Não vence e tem sempre uma desculpa que vem do exterior, uma conjugação desfavorável, algo que lhe escapa. Como se o futebol fosse surpreendente, como se à última hora as balizas mudassem de dimensão. A selecção confronta-se com a cauda do campeonato mostrando a superioridade do pelotão da frente – mas depois, na hora da verdade, deixa-se infectar e comporta-se como se fosse o carro vassoura do planeta. Organiza-se para conseguir, mas desorganiza-se quando tem de conseguir. Parece uma equipa, mas não é. Tem espírito, mas não tem corpo. Acima de tudo, não tem cabeça.
(Com Scolari, ainda tinha um pai que lhe abria caminho – agora, é uma selecção perdida entre as genialidades individuais de rapazes que sabem jogar à bola. O que não é exactamente o mesmo que jogar futebol...)