Ao domingo,
Tenho saudades do cabrito assado no forno em casa da minha mãe, mas éramos mais à mesa
Lembro-me dos dias em que acordei em Londres submerso em jornais comprados na véspera à meia-noite, ou ía tomar o pequeno-almoço com eles virgens à minha espera. Quero voltar...
Não esqueço o brunch em Milão num jardim lindo de um palacete que também era discoteca durante a noite
Lembro-me de acordar na Boavista e do cheiro a torradas e café (de quem se levantava antes de mim)
Há uns dias em que não descanso enquanto não encontro um Cozido às 3 da tarde
Penso naquela manhã no Vascão em que a neblina persistia em separar o Guadiana das margens, mas a paisagem deslumbrava e o frio acordava todas as terminações nervosas do corpo. Depois abriu
Volto a um domingo de Páscoa com os ovos e os doces e guloseimas escondidos pelo terreno, molhados pelo orvalho, e o meu filho a delirar atrás dos rastos de um coelhinho de ocasião
Compro o El Mundo por causa do Magazine
E quero estar em lugares...
O chá de menta a perfumar o ar no deserto de Marrocos, ao nascer do dia
Acordo (mesmo) tarde em Barcelona e abanco no balcão da “Ciudad Condal” (ou da “Cervejaria Catalana”) e fico a pastelar entre cerveja e tapas de mil sabores
Em Salzburgo, um mercado matinal onde se provam salsichas até ao ponto em que apetece começar a provar águas das pedras. Mas é tão bom...
Em Melides, no café do largo, a ler jornais e ver a aldeia acordar ressacada depois de uma noite de “poesia & acordeão”
Em qualquer lado onde cheire a madeira queimada na lareira e esse cheiro aqueça o cheiro do frio.No campo
Penso se mantenho ou não o hábito do frango de churrasco ao jantar, a ver o Marcelo e depois o Zé Carlos
... E a seguir recomeça tudo com a crónica da rádio para segunda-feira
E os projectos que continuo a juntar nos cadernos de capa preta.