Recado ao João Pereira Coutinho
Não vou contestar a opinião do João – mas vou lembrar-lhe, humildemente, que eu também tinha tendência a referir-me aos blogues de forma altiva e sobranceira, quando mandava palpites semanais na última página de um jornal diário (à época) de referência.
Depois, quando esse jornal “não quis mais” e os outros jornais e revistas não tiveram tempo para me responder aos mails, foi nessa presumível “lixeira” que me abriguei. Porque é livre. Porque pude. Porque existe. E apesar de “isto” não ser de ninguém, senti-me parte de alguma coisa.
Aprendi essa lição relevante, que passo ao João, se ele a quiser apanhar: o mundo é sempre o mesmo – só o lugar a partir do qual o observamos vai variando. É sensato não nos habituarmos à ideia de que o vamos ver sempre do mesmo ponto de vista. Porque um dia a lixeira pode transformar-se num espaço gourmet, como o que antes nos parecia longínquo pode subitamente estar à nossa frente.
O nosso comum amigo Miguel Esteves Cardoso já me tinha explicado isto vezes sem conta – mas eu demorei a perceber, é verdade.