Aprender
A “Relógio d’Água” reedita “Intimidade”, de Hanif Kureishi, e dou comigo, num final de domingo, a reler esta história de amor e desamor, de fim e recomeço, cuja primeira frase me agarra e não mais me larga, exactamente como quando a li pela primeira vez, há uns bons dez anos: “Esta é a noite mais triste, porque me vou embora e não volto mais”.
E depois há parágrafos como o que vos deixo aí em cima.
Se as palavras nos embalam e levam de umas para outras, como cerejas, a rede ajuda. De repente estou a escrever o nome no Google e a querer saber mais sobre Hanif Kureishi. Tropeço numa entrevista que Isabel Lucas lhe fez para o Público, há seis meses.
Leio: “O imigrante tornou-se uma paixão contemporânea na Europa. Um ponto vago à volta do qual as ideias chocam. Facilmente disponível como símbolo, existindo em todo o lado e em lado nenhum, é falado constantemente. Mas, no discurso público corrente, esta figura migrou não apenas de um país para outro, migrou da realidade para a imaginação colectiva onde foi transformado numa ficção terrível.”
Não podia ser mais cruamente real.
Não foi um final de domingo alegre - mas foi verdadeiro e rico. Aprender até morrer.