Dia da mãe
Esta fotografia tem 14 anos. O meu filho, com cinco anos, ouve atentamente as palavras da avó, minha mãe. Na Praia do Carvalhal, onde havia indios Zambujões, comiamos "minhocas" grelhadas no carvão, e à noite jogávamos futebol na relva lá do Monte.
(Talvez faça falta aqui esta explicação:
A minha mãe tem 84 anos, está óptima, queixa-se de tudo (especialmente do que tem razão de queixa; perdeu o marido, amor da vida, cedo demais, e um filho, o que nenhuma mãe ultrapassa. Ainda assim, consegue rir, viver, resistir). Tem saúde, cabeça lúcida, é autónoma, e vive modesta mas comodamente. Talvez por isso, sempre que é Dia da Mãe, ou no seu aniversário, gosto mais de recordar um momento bom, mesmo que eu seja apenas o fotógrafo, ou uma imagem que diga muito do que ela é, do que escrever o texto sentido que apetece - mas que, de alguma forma, entristece a verdade dos factos: os anos passam e eu sinto-os a passarem. Gosto desta fotografia porque tem futuro e esperança dentro dela. E para mim esse é o sentido dos Dias em que assinalamos o que é bom.)