DN
O primeiro jornal onde publiquei um texto assinado foi o “Correio da Manhã”, no suplemento “Correio dos Jovens”. Mas o primeiro jornal que me pagou por uma matéria foi o “Diário de Notícias” - em 1983, na sequência de uma carta que enviei, salvo erro, ao Rogério Petinga, com uma proposta de uma coluna regular sobre musica. Juntei a essa carta as minhas crónicas do “Correio dos Jovens” e fui contratado.
Depois disso, escrevi no DN, durante mais de dez anos, crónicas semanais, diárias; mais tarde imaginei, criei e dirigi um suplemento que viveu feliz dez anos (O DNA), estive na direcção do jornal no mandato de Miguel Coutinho, e ainda fui colunista no mandato seguinte. Posso dizer que foi o jornal onde colaborei durante mais anos consecutivos (em rigor, 27 anos…), e aquele a que dei mais do que julguei saber.
Ao olhar a edição comemorativa dos 150 anos do jornal, reconheci-me em muitas daquelas páginas. Não por mim, nem pela grandeza do jornal, bem para lá de qualquer pessoa individual, mas pela dimensão daquele mundo de História e Vida que o DN encerra em si, do arquivo ao logotipo, do edifício à sua identidade, e que qualquer jornalista que por ali passa sente e respeita como algo que está além da existência simples de cada um.
Hoje, o DN está longe de mim (e eu, dele). Não por gosto. Nem por isso, no entanto, deixo de me rever no bocado de vida que lhe dei. Ou que ele me deu. Devemos andar ela por ela, no deve e no haver. E isso é bom.
Venham mais 150 anos, seja qual for a forma, o formato, a textura, o cheiro. Um jornal, sabemos agora, é bem mais do que papel impresso. Só nos falta saber o que vai ser.